Ao menos 300 pescadores de uma das 22 colônias existentes em Mato Grosso fecharam a MT-040, que liga Cuiabá a Santo Antonio do Leverger, nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (27). Eles manifestam contra a lei ‘Transporte Zero’, que proíbe o transporte, o armazenamento e a comercialização do pescado oriundo da pesca dos rios mato-grossenses pelo período de 5 anos.
Benedito Sérgio Ribeiro, pescador há 46 anos e morador da colônia Z8, em Leverger, contou que a manifestação agora é para chamar a atenção do governador Mauro Mendes. “Somos uma classe sofrida, pais de família. A gente vive disso, a gente aprendeu só isso. Como vai acabar com a nossa profissão assim?”, disse.
Segundo ele, a forma como o projeto foi apresentado acaba com função do pescador. “O rio Cuiabá precisa de preservação e é urgente, mas não da forma que o Governo quer, tem que preservar com o pescador trabalhando, com a polícia ambiental, com a Sema. Falta fiscalização severa, punitiva”.
Para Tânia Souza, presidente da colônia de pescadores, a manifestação acontece um dia antes da votação do PL justamente para sensibilizar os deputados. “Para que olhem ao povo carente, como vai ficar Santo Antônio? A cidade não tem outra rende, vive exclusivamente da pesca. É um trabalho que passa de pai para filho. Como vai ser sem essa renda extra?”.
A presidente destacou ainda que a cidade inteira está sendo ‘condenada’ pelo projeto.
A comunidade ribeirinha contesta a proposta sob o argumento de que não houve estudos científicos para que o projeto entre o vigor, sem sucesso nas últimas manifestações eles decidiram fechar o trevo que liga a Capital ao município, causando um caos aos motoristas que passam pela rodovia.
Na última sexta-feira (23), parte dos trabalhadores se deslocaram para Brasília para se reunir com a Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, para discutir maneiras para que o projeto não avance.
A projeto que teve 13 votos a favor e somente 5 contra, entra em vigor em 1° de janeiro de 2024 e durante esse período só será permitido a pesca na modalidade pesque e solte, sob justificativa a fauna dos rios.
O governo irá disponibilizar aos pescadores o pagamento de auxílio financeiro por 3 anos. Sendo um salário mínimo (R$ 1.320) no primeiro ano, R$ 660 no segundo, e R$ 330 no terceiro ano. Não haverá nenhum auxílio do governo nos dois últimos anos.