Juíza pede reforço para conduzir audiência com membros do CV

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A juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, solicitou reforço no quadro de agentes prisionais da carceragem do Fórum da Capital, com a presença do Serviço de Operações Especiais (Soe), para conduzir as audiências de instrução e julgamento do processo proveniente da Operação Assepsia.

As audiências serão realizadas nos dias 23 e 24 de outubro a partir das 9h.

A Operação Assepsia prendeu um grupo acusado de facilitar a entrada de aparelhos Celulares na Penitenciária Central do Estado (PCE).

Respondem à ação na 7ª Vara o ex-diretor da Penitenciária Central, Revétrio Francisco da Costa, o ex-vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos, e os detentos Paulo Cesar dos Santos, vulgo “Petróleo” e Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”, líderes da facção Comando Vermelho (CV).

Também respondem pelos fatos os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhães de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior. O processo contra eles, no entanto, foi encaminhado para a 11ª Vara da Justiça Militar.

Todos os acusados já foram soltos.

A denúncia

Conforme consta na denúncia, no dia 6 de junho, por volta das 13h, misteriosamente os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares.

Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.

No mesmo dia, os três policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária à paisana com um veículo Gol, estando um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.

“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.

Em depoimentos prestados à polícia, um dos líderes do Comando Vermelho afirmou que durante a reunião eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares.

Na ocasião, Reginaldo teria alertado para que retirasse todos os aparelhos durante a noite, e utilizasse a cola, que estava junto com os celulares, para fechá-lo novamente.

Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).

O esquema, conforme o Gaeco, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.

De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do GCCO promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas. Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.

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