Segundo o especialista, que já foi diretor do Inpe e atualmente dirige o Secretariado do Grupo de Observações da Terra (GEO) em Genebra, na Suíça, nos últimos 25 anos, os dados de monitoramento do órgão mostram que dois picos históricos de desmatamento coincidem com outros eventos da sociedade brasileira: em 1995, 2004 e 2003 – na época, o Deter não existia, e o desmatamento era monitorado apenas uma vez ao ano, por meio do sistema Prodes, também do Inpe.
No primeiro caso, Câmara explica que um dos motivos por trás do aumento expressivo de abate de árvores foi a estabilidade econômica do Plano Real. Já em 2003 e 2004, uma das razões apontadas por especialistas é uma reação ao novo governo, que indicava a adoção de novos aparatos de combate aos crimes ambientais. “Foi justamente aí quando o governo disse que não podia ficar refém do Prodes, que vem um ano depois. Ele precisava de um dado quente. Daí nasceu o Deter. O grande objetivo dele é ajudar na fiscalização”, diz o especialista.
Em Mato Grosso, o governo estadual afirmou que vários fatores determinam as taxas de desmatamento, entre eles a variação cambial. “Com a valorização da moeda americana, o preço das commodities agrícolas sobem, aumentando a pressão nas fronteiras agrícolas”, explicou o governo mato-grossense ao G1.
Em agosto, o estado passou a receber alertas semanais de desmatamento no estado produzidos pela Plataforma de Monitoramento com Imagens Satélite Planet, da empresa Santiago & Cintra Consultoria. Segundo o governo, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), usando recursos oriundos da Alemanha e do Reino Unido por meio do Programa REM, adquiriu acesso à plataforma pelo valor de R$ 5,9 milhões durante um ano.
Desde 27 de agosto, uma ação integrada de combate ao desmatamento e queimadas ilegais já aplicou R$ 214 milhões em multas em uma área de cerca de 436 km², e “a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) aplicou até o momento quase meio bilhão [de reais] em multas e embargou cerca de 100 mil hectares [cerca de mil km²] para reforçar que a ilegalidade no setor não será admitida”.