O ex-presidente boliviano Evo Morales, que renunciou neste domingo pressionado por militares e policiais, denunciou que há uma ordem de “prisão ilegal” contra ele.
“Denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um oficial da polícia anunciou publicamente que tem a instrução de executar uma ordem de prisão ilegal contra minha pessoa”, tuitou Morales, que anunciou também que “grupos violentos” atacaram sua casa.
Morales, que governou a Bolívia durante quase 14 anos, acrescentou: “Os golpistas destroem o Estado de Direito”.
A polícia da Bolívia, porém, negou a existência do mandado contra o ex-presidente. “Quero informar à população boliviana que não há mandado de prisão contra oficiais do estado como Evo Morales e seus ministros”, disse Yuri Calderón, comandante da Polícia Nacional, à emissora de TV boliviana Unitel.
Calderón esclareceu que é o Ministério Público e não a polícia quem emite os mandados de prisão. Ele afirmou que a “ordem foi emitida para os presidentes dos tribunais eleitorais departamentais e membros departamentais dos tribunais eleitorais”.
Antes do posicionamento da polícia, membros da oposição também chegaram a declarar que haveria uma ordem para prender Morales. O líder cívico direitista Luis Fernando Camacho, que liderou o movimento pela renúncia, foi um dos que confirmou a medida.
“Confirmado!! Ordem de apreensão para Evo Morales!! A polícia e os militares estão procurando-o no Chapare”, uma província do cêntrico departamento de Cochabamba, escreveu Camacho. “Os militares o tiraram do avião presidencial e (ele) está escondido no Chapare, pegarão ele! JUSTIÇA!”, acrescentou.
Morales ficou recluso neste domingo na zona cocalera de Chapare, seu berço político, para anunciar sua renúncia, após perder o apoio dos militares e da polícia. O ex-presidente chegou à tarde à bordo do avião presidencial ao aeroporto de Chimoré, que serve ao Chapare, acompanhado do vice-presidente Álvaro García Linera, que também renunciou ao cargo e à presidência do Congresso.
Morales, de 60 anos e que assumiu em 2006, enfrentou três semanas de protestos nas ruas contra sua reeleição nas questionadas eleições de 20 de outubro.
(Com AFP e EFE)