Globo exibe áudio em que médica propaga fake news de casos em Cuiabá

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Num momento em que a informação segura pode ajudar a salvar vidas, é difícil acreditar, mas tem gente que se dedica a gravar mentiras para espalhar em mensagem de áudio. São dois os inimigos: um é o vírus. O outro, as mensagens que se espalham feito ele.

Uma delas é atribuída ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Se a gente conseguir fazer um isolamento social importante nessa semana, a gente talvez consiga virar o jogo. Está bom? Espalhe isso para todo mundo que vocês tiverem”, diz o áudio.

Neste domingo (22), o próprio ministro afirmou que a voz não é dele e que a mensagem é falsa. “Eu estou aqui para falar que eu não gravo absolutamente nada de áudio; nunca fiz, não sei nem como usa. Tudo que eu falar vai ser dito claramente, sempre à frente aqui das câmeras. Os doentios da fake news gostam de se travestir da autoridade de alguém ou de uma pseudo autoridade para poder espalhar notícias, enfim, causar comoções, passar trotes, assustar pessoas”, afirmou.

Outra mensagem que andou circulando procurou espalhar medo sobre o número de casos de Covid-19 em São Paulo. “Teve ontem uma reunião com o pessoal do Einstein e do Sírio Libanês e eles falaram que, por ordem do governo, eles estão escondendo a quantidade de infectados e a realidade dos fatos. No Albert Einstein, hoje na UTI, em situação de vida e morte, tem mais ou menos 100 pessoas. Total de pacientes internados no Albert Einstein com coronavírus, aproximadamente 600 a 700 pessoas. Sírio Libanês, a situação está o dobro”, afirma a voz. O G1, que tem o serviço de checagens “fato ou fake”, já esclareceu que a mensagem também é falsa.

Outro áudio se espalhou no Paraná: “A situação dentro do HU (Hospital Universitário) fugiu do controle, tá? Tem inúmeros infectados. Ainda não foi divulgado, mas inclusive tem três crianças entubadas lá dentro. E, nesse momento, eles estão tendo que escolher a vida de quem eles vão salvar e quem eles vão deixar morrer porque não tem mais condições de atender todo mundo”.

É mentira. A polícia descobriu quem gravou e obrigou a mulher a se retratar. Ela pode ser responsabilizada por contravenção penal com pena que varia de 15 dias a 6 meses. “Eu acabei misturando as informações, exagerando um pouco. Menti a respeito das informações que eu tinha recebido de primeira mão… que estavam vindas de um aluno do meu esposo”, explica ela em novo áudio.

MATO GROSSO

Em Mato Grosso, outro caso de fake news foi parar na polícia: “De ontem pra hoje, 60 exames deram positivo pro corona aqui no laboratório central, com kit mandado pelo Governo Federal… Então começou, tá gente?”. A Polícia Civil identificou uma médica que repassou a mensagem e informou que ela pode responder criminalmente.

Essas notícias falsas só confundem tanta gente porque muitas pessoas passam adiante pra família, pros amigos. Os grandes fatos, as grandes descobertas dessa pandemia, não vão chegar em mensagens anônimas pelo celular. No mundo todo, médicos, pesquisadores estão tentando entender melhor a doença, desenvolver remédios, vacina. Nós, jornalistas, que vivemos de apurar informações, estamos acompanhando e prontos pra dar as notícias – quando elas são verdadeiras.

O diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia lembra uma dica básica pra gente desconfiar dessas mensagens. “Não existe receita milagrosa, não existe nada que trate o coronavírus, não existe comer alho com vinagre, não existe vitamina D, não existe soro da imunidade. Isso tem que ficar muito claro. Acreditem nos médicos. Tudo por orientação médica. Não façam nada orientado por whatsapp, por favor”, apela Sérgio Cimerman.

O próprio Ministério da Saúde tem um canal para tirar dúvidas sobre mensagens falsas ou verdadeiras. Basta enviar o texto, imagem ou áudio para número (61) 99289-4640.

Este pesquisador da Universidade de São Paulo, especializado no monitoramento de redes sociais, explica que, num momento de preocupação como agora, as pessoas ficam mais vulneráveis a essas mentiras. “A gente sabe que isso tá bem estabelecido nos estudos… Que o compartilhamento, que a difusão de informação nas mídias sociais, está muito ligada a emoções fortes. Por medo, por causa de uma pandemia, as pessoas apertam muito rapidamente o botão de compartilhar sem pensar. E essa atitude impensada, irrefletida, que faz com que informação de baixa qualidade se difunda rapidamente”, explica Pablo Ortellado, professor de Políticas Públicas da USP.

Nos Estados Unidos, a brasileira cristina Tardáguila lidera uma grande rede internacional de checagem de dados. A rede já desmentiu mais de mil notícias falsas sobre o novo coronavírus: “A desinformação mata e a desinformação também dá lugar pra picaretagem. Então, por favor, não compartilhar nada que vocês não tenham certeza absoluta de que vem de fonte correta e que contém dados mínimos, como quem está mandando, de onde, quando foi gravado, quando foi escrito e que possui fontes reais de informação como autoridades médicas locais e internacionais”.

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