As novas medidas a serem adotadas em Mato Grosso, de acordo com o Decreto do Governo do Estado publicado nesta quarta-feira (22), estão sendo avaliadas pelos prefeitos e pela Associação Mato-grossense dos Municípios – AMM. A abertura gradual do comércio, com os devidos cuidados sanitários, já vem sendo adotada nos municípios, considerando que a retomada é importante para movimentar a economia, manter os empregos e as fontes de receitas, mas a possibilidade de retorno das aulas no dia 4 de maio, que consta no Decreto Estadual, está preocupando muitos prefeitos, que temem a disseminação do novo coronavírus nos municípios.
De acordo com o documento, se a taxa de ocupação dos leitos públicos exclusivos para pacientes com a Covid-19 continuar inferior a 60%, as atividades escolares poderão ser retomadas a partir do dia 4. O Decreto apenas orienta os gestores, pois o Tribunal de Justiça já decidiu que as medidas restritivas para combate à pandemia são de competência dos municípios.
O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios – AMM, Neurilan Fraga, disse que entende a preocupação dos prefeitos, pois haverá aglomeração nas escolas, as crianças poderão ser contaminadas e, consequentemente, transmitir o vírus para os familiares, inclusive para pessoas do grupo de risco. “Concordamos com a abertura gradual do comércio, obedecendo todos os cuidados necessários preconizados pelas autoridades de saúde, mas com relação às aulas, a maioria dos prefeitos já sinalizou que não está de acordo com o retorno nos próximos dias, considerando o risco de contágio que ocorre de forma muito rápida”, assinalou.
A disseminação do vírus nas reservas indígenas também preocupa, pois vários municípios possuem essas áreas, onde os índios se encontram isolados, sem contato com a população de outras localidades. Porém, com o retorno das aulas, os indígenas vão interagir com outras crianças e poderão levar o contágio para as aldeias, onde a população é mais vulnerável a doenças respiratórias, que causam muitas mortes nas comunidades nativas. “Já há alerta de pesquisadores sobre o alto risco nas comunidades indígenas se não houver medidas de contenção”, assinalou Fraga.
O presidente da AMM salientou, ainda, que muitos profissionais da educação estão no grupo de risco e não poderão frequentar as salas de aula, situação que poderá gerar a necessidade de substituição desses professores, por meio de um planejamento bem elaborado dos prefeitos, considerando o aumento de custos financeiros para as administrações municipais. “Há ainda a preocupação com os moradores da área rural, que são mais simples, e que estarão mais vulneráveis à contaminação, com o retorno das crianças às escolas”, frisou, destacando que muitos pais já avisaram os prefeitos que não vão deixar os filhos voltarem para a sala de aula por enquanto devido ao risco de contaminação.
A AMM está em contato com a Secretaria de Estado de Educação, e outras instituições estaduais, para debater, juntamente com os prefeitos, uma data mais propícia para o retorno, minimizando os riscos de contágio e de sobrecarga do sistema de saúde pública.