O Instituto Butantan adiou o envio do resultado dos testes da vacina CoronaVac no Brasil à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A previsão inicial era de que os documentos fossem enviados até esta terça-feira (15).
A vacina contra a Covid-19 é produzida pelo Instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Os dados sobre a eficácia e demais informações a respeito dos testes feitos em voluntários no país devem ser enviados à Agência e divulgados no dia 23 de dezembro.
O G1 enviou questionamentos sobre a mudança de data ao Instituto e aguarda retorno.
A CoronaVac ainda está na terceira fase de testes, estágio em que a eficácia precisa ser comprovada antes da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para que a vacina comece a ser distribuída, é necessário que o Instituto Butantan envie um relatório à Anvisa e que o órgão aprove o uso do imunizante.
Análise
Em entrevista à GloboNews na manhã desta segunda-feira (14), o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, comentou sobre a mudança no cronograma.
“Às vezes o tempo da definição estatística, da tabulação desses dados repisam ser respeitado pra que tenha uma apresentação melhor. É muito ruim pra qualquer laboratório apresentar pra uma agencia regulatória, qualquer que seja, no caso aqui é a Anvisa, dados incompletos, inconsistentes, dados que, eventualmente, não permitam a aprovação de um produto.”
Ele disse ser temerário estabelecer prazos e datas quando se trata de análises de resultados científicos.
“Acho que temos que aguardar o tempo, é o tempo da ciência, se for dia 15 ou dia 22, por isso que acho sempre muito temerário se dar datas na ciência, apresentar os dados, vai ser aprovado em tal data. Isso tudo é sempre sujeito a muitas alterações.”
“Eu acho que, se eles precisam de mais uma semana para apresentar dados mais consistentes, seja para uma licença emergencial, seja pra um registro definitivo, isso a gente vai ver quando esses dados forem publicitados”, completou.
Envase
Na última quarta-feira, o instituto começou o processo de envase da vacina a partir da matéria-prima importada da China.
Segundo o governo paulista, o processo de envase começou a ser realizado no dia 9 de dezembro, na fábrica do Butantan, que tem 1.880 metros quadrados, e contará com o reforço de 120 novos profissionais, além dos 245 que normalmente atuam no instituto.
Além disso, o Butantan passa a funcionar 24 horas por dia.
Matéria-prima
O governo de São Paulo já recebeu 120 mil doses prontas da CoronaVac. Além disso, chegou uma carga de insumos que poderá ser convertida em até 1 milhão de doses adicionais.
Os insumos são os “ingredientes” necessários para a finalização da vacina no país. Caberá ao Butantan concluir a etapa final de fabricação.
Estados interessados
O governador João Doria afirmou que 12 estados formalizaram a solicitação para compra da CoronaVac, são eles: Acre, Pará, Maranhão, Roraima, Piauí, Mato Grosso Sul, Espirito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Sul, além de São Paulo. Ainda de acordo com ele, mais de 900 cidades manifestaram interesse na compra da vacina.
O Butantan firmou um protocolo de intenções com a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) para fornecimento de doses da CoronaVac. O valor das doses ainda será definido.
O diretor Butantan, Dimas Covas, disse que o instituto tem capacidade para fornecer as doses aos demais estados e vacinar a população de SP conforme cronograma anunciado para a primeira fase de imunização (veja, abaixo, detalhes sobre o plano estadual).
O governo paulista pretende fornecer 4 milhões das 46 milhões de doses para vacinar profissionais da área da saúde de outras regiões do país.
“Com relação a volumes, o plano estadual, juntamente com essas 4 milhões de doses, totalizam, de janeiro a março, 23 milhões de doses. Nós temos 46 milhões. Então, nós estamos trabalhando esta primeira fase já prevendo a segunda fase e, eventualmente, a terceira fase”, afirmou Dimas Covas.
“Temos, já em negociação, por autorização do governador, mais 15 milhões de doses e devemos formalizar muito brevemente. Do ponto de vista quantitativo e de capacidade de produção, estamos plenamente aptos para atender essa primeira fase da vacinação.”