Motoristas de aplicativos e demais consumidores que abastecem com gás natural veicular (GNV) cobram ampliação da rede de fornecimento do combustível em Cuiabá e região metropolitana. Nos 4 postos revendedores de GNV em Mato Grosso – 3 na Capital e um em Várzea Grande -, há meses são formadas longas filas diárias de veículos à espera de abastecer com o combustível.
Essa situação prejudica principalmente os profissionais autônomos do transporte de passageiros, que ficam até 3 horas aguardando. Nesse período, deixam de faturar com as corridas dispensadas. Em alguns casos, o motorista precisa comparecer ao posto duas vezes por dia para suprir o automóvel com GNV, perdendo um tempo ainda maior.
“É que quando chega no posto, a pressão da bomba não está boa, porque falta gás. Aí, ao invés de colocar 12 m3 de GNV, abastece apenas com 4 ou 5 m3”, explica a presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo (Sindmapp), Solange Menacho. Nestes casos, o motorista perde até 6h da jornada diária de trabalho para abastecer o veículo. “Perde dinheiro na fila de espera, mas também não compensa abastecer com etanol”, critica Menacho.
Diante dessas dificuldades, muitos motoristas consideram que o investimento feito na conversão dos veículos – em torno de R$ 6 mil – também fica inviável, acrescenta o proprietário da convertedora WS, Wilson Lopez. Neste ano, a demanda para instalar o chamado “kit gás” cresceu 300% na oficina, em comparação com 2020, diz Lopez.
“Instalei o GNV para economizar. É bem vantajoso (o preço), mas perco mais de duas horas na fila do posto. São poucos postos e a demanda de veículos é muito grande”, expõe a motorista de aplicativo, Tatiana Surita, 40. “Sou do tempo que gastava dez minutos para encher o cilindro com GNV no meu carro. Hoje estou perdendo, em média, 4,5 horas em filas nos postos. O GNV é econômico, mas o custo-benefício está deixando a desejar”, considera o consumidor Luiz Valdemar Bertoldo. Faltam revendedores e a logística de entrega e assistência técnica nos postos é falha, na opinião dele. “Possuo carro há anos e nunca vi isso ocorrer antes”, diz outro motorista de aplicativo, que não quis se identificar.
O consumo cresceu 1.526% nos 12 meses anteriores a agosto de 2021, com a adaptação de milhares de carros para uso do combustível gasoso. Postos que forneciam 21.962 metros cúbicos de GNV em agosto de 2020 elevaram o suprimento para 357.168 m3 no último mês de agosto. O combustível representa 80% do fornecimento de gás natural comprimido, que totalizou 446.488 m3 no 8º mês de 2021, conforme informações repassadas por agentes deste mercado.