A Justiça Militar condenou o cabo da Polícia Militar Lucélio Gomes Jacinto a 20 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado contra o tenente Carlos Henrique Scheifer, do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Os outros dois réus – o 3º sargento Joailton Lopes de Amorim e o soldado Werney Cavalcante Jovino – foram absolvidos.
O julgamento, presidido pelo juiz Marcos Faleiros da Silva, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, aconteceu durante todo o dia desta quinta-feira (24).
A condenação do cabo Jacinto ocorre cinco anos após a morte do 2° tenente Scheifer, que foi assassinado em maio de 2017 com um tiro de fuzil disparado pelo militar enquanto o Bope estava em operação contra o “Novo Cangaço”.O militar poderá recorrer da sentença em liberdade.
A decisão do Conselho de Sentença, formado pelo juiz de Direito e quatro juízes militares, seguiu o pedido do MPE, que solicitou a absolvição dos demais policiais por insuficiência de provas que comprovassem que os dois tinham a intenção de matar o tenente Scheifer.
Já no caso de Jacinto, a promotora de Justiça Daniele Crema da Rocha defendeu a condenação do cabo argumentando que ele premeditou a morte da vítima para evitar que o tenente o denunciasse por desvio de conduta.
Segundo a denúncia do MPE, Scheifer teria discutido com Jacinto após ele matar um dos suspeitos de integrar o “Novo Cangaço” durante a operação no Distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo.
O desentendimento ocorreu pouco antes da morte do tenente e a promotora defendeu a tese de que o crime foi premeditado para encobrir a atitude ilícita do cabo.
No julgamento, a promotora também expôs as versões divergentes do acusado e mostrou as perícias que mostravam que não havia possibilidade de tiro acidental como havia sido relatado pelo réu.
“Não havia qualquer ação do tenente Scheifer que justificasse que o acusado imaginasse que estava sob risco eminente, vendo que o tenente estava com a arma para baixo, posição sul, posição de descanso. A conduta de Jacinto de atirar nele não tinha nenhuma justificativa a não ser o dolo de matar”, afirma.