Por: Valor Econômico
Estados da região Centro-Oeste devem ter o maior crescimento econômico neste ano, puxados pela agropecuária. Depois da estiagem em 2021, a produção agrícola voltou a acelerar, com previsão de recorde das safras de soja e milho. Estados que dependem de indústria e serviços, como São Paulo, devem ter crescimento moderado, dentro da média nacional, enquanto os do Sul devem ter contração, mostram projeções da Tendências Consultoria.
Segundo o levantamento feito pela consultoria, o Produto Interno Bruto de Mato Grosso deve ter o maior crescimento entre os Estados, com expansão de 5,6% neste ano (ver tabela ao lado), bem acima dos 3,1% de 2021. Mato Grosso do Sul vem em seguida, com crescimento de 4,6%, também acima do crescimento de 2021, de 3,6%.
“Em Mato Grosso, a projeção é explicada por recordes das safras de soja e milho e melhor desempenho para abates de carnes, decorrente da demanda externa por proteína animal. Além disso, a indústria mato-grossense vem mostrando desempenhos expressivos por causa dos setores de alimentos e biodiesel”, afirma Camila Saito, economista do setor de análise setorial da Tendências e uma das autoras do levantamento. “Em Mato Grosso do Sul, também teremos boa evolução da agropecuária. Ainda que a safra da soja tenha sofrido com a estiagem e deva apresentar queda, os fortes desempenhos [da produção] de milho e carnes devem mais que compensar.”
Ela acrescenta que as indústrias de ambos os Estados devem se beneficiar do cenário favorável para a produção de alimentos, celulose e biodiesel.
Tanto Mato Grosso quanto Mato Grosso do Sul são Estados com baixa densidade industrial e grande densidade do agronegócio, o que explica essas projeções, afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores. Ele argumenta que, além da atividade do setor primário, lavoura e pecuária fazem indústria e serviços se movimentar nesses Estados. “É o agronegócio no sentindo mais amplo que traciona esses Estados.”
O peso do agrobusiness nas cadeias industriais e de logística desses Estados ultrapassa os 50%, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “O crescimento do agro acaba, portanto, ajudando a economia como um todo”, diz.
Vale argumenta que uma conjuntura favorável de forte alta de preços e taxa de câmbio muito favorável para a exportação deve levar esses Estados a destoar e crescer mais do que a média.
O efeito positivo do agronegócio para o crescimento também beneficia Estados próximos, como Piauí e Maranhão. “Não podemos dizer que se trata de uma nova fronteira, porque isso ocorre há 20 anos, mas esses Estados no entroncamento no Norte e no Nordeste têm produção de grãos forte que ajuda o PIB”, diz Vale.