O governador Mauro Mendes (União) anunciou que irá processar na Justiça o jornal A Gazeta por conta da reportagem que revelou que a empresa do seu filho, Kin Mineração Ltda, foi uma das que adquiriu mercúrio ilegal no âmbito da Operação Hermes (Hg) da Polícia Federal, após ampliar as investigações para alguns empresários e empresas. Segundo a nota do governador, a reportagem seria ‘mentirosa, caluniosa e criminosa’.
A GAZETA NÃO MENTIU
A reportagem se baseou no avanço das investigações para averiguar a conduta das empresas e dos empresários que compraram o mercúrio ilegal em um inquérito sigiloso. A reportagem em nenhum momento acusou ou afirmou que Luiz Antônio Taveira Mendes foi indiciado no inquérito. Apenas revelou que a empresa comprou R$ 301.9 mil de mercúrio da organização criminosa em 2022, conforme consta na denúncia contra a organização criminosa investigada. “Em 24/03/2022, Edilson, por intermédio de sua pessoa jurídica, vendeu mercúrio, sem autorização legal para tanto, para a empresa Kin Mineração Ltda, pelo montante total de R$ 301.971,00”, diz trecho de denúncia contra a organização criminosa do Grupo Veggi.
A reportagem de A Gazeta foi baseada nas informações contidas nos relatórios das investigações, que seguem para empresários e empresas em sigilo. Tanto que o próprio governador Mauro Mendes chegou a admitir a compra do mercúrio ilegal pela empresa do seu filho, alegando ‘boa fé’, e que não sabia procedência ilegal do mercúrio. “Nesta empresa tem dezenas de sócios (…) Como é que eu vou saber lá. Toda vez que você for comprar de alguém então, você tem que pedir procedência, porque se não você será responsabilizado”, disse ao Uol.
“O meu filho é só…meu filho não, a empresa que ele participa, é sócio de uma outra empresa, que comprou mercúrio de uma empresa que vendia pra ele e pra metade do Brasil. Terceira de boa fé não existe?”, questionou.
Além do filho do governador, a Kin Mineração Ltda, tem como sócios Euler Oliveira Coelho, Maria Auxiliadora de Assis Franco Gribel e as empresas Sollo Mineração S/A. e Rvm Empreendimentos Ltda. O capital social dela é de R$ 3 milhões.
CERTIDÃO
O governador também apresentou uma certidão negativa do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em nome do filho, o que é normal, já que não há nenhuma condenação e as investigações continuam no âmbito da Polícia Federal. A reportagem procurou a defesa da empresa na época, que afirmou que não tinha informações a prestar, e que um grupo empresarial de São Paulo que administrava a empresa garantiu que todas as operações de compra de mercúrio seriam regulares.
O jornal A Gazeta continuará acompanhando e apurando os desdobramentos desta investigação assim como de outras, sempre de forma séria, independentemente de pressões.
MAURO JÁ FOI ‘INVESTIGADO’
O próprio Mauro Mendes foi alvo de investigação pela Polícia Federal em 2013, na época em que era prefeito de Cuiabá, no bojo da Operação Ararath. A abertura da investigação foi divulgada pelos principais veículos de comunicação de Mato Grosso, o que é jornalisticamente previsível.
A Polícia Federal havia instaurado um inquérito para investigar um empréstimo feito por Mauro de R$ 3,2 milhões junto a Amazônia Petróleo Fomento, empresa do Gércio Marcelino Mendonça Junior, vulgo Junior Mendonça. Após analisar os autos, o juiz Jefferson Schneider, da 5ª Vara Federal, arquivou o inquérito policial contra o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes acusado de formação de quadrilha e corrupção passiva. Em razão disso, Mendes foi inocentado. E a imprensa, mais uma vez, fez sua cobertura.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DO GOVERNADOR
Sobre a matéria MENTIROSA, CALUNIOSA e CRIMINOSA, divulgada pelo Jornal A Gazeta, do último domingo (9), com o título “PF investiga filho do governador”, é necessário restabelece a verdade: 1. O delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Hermes, Dr. Dalton Marinho, e a Justiça Federal certificaram que o meu filho, Luis Antonio Taveira Mendes, NÃO É INVESTIGADO PELA PF. 2. A Gazeta divulgou a matéria MENTIROSA uma semana após a agência DMD, do mesmo grupo familiar, perder a licitação de publicidade do Governo de Mato Grosso. 3. As MENTIRAS CRIMINOSAS divulgadas pela A Gazeta são objeto de processo indenizatório, já ajuizado, e também está sendo apurada a responsabilidade de todos os envolvidos no crime de calúnia. 4. Respeito o papel da imprensa séria, mas não aceitarei ataques COVARDES E CRIMINOSOS contra o Governo e a minha família.