Policiais civis da Defaz amanheceram na Prefeitura de Poconé (104 Km de Cuiabá), nesta quinta (13), para cumprir mandado de busca e apreensão na deflagração da Operação Ouro Negro, que apura fraudes no abastecimentos da frota de veículos do Executivo Municipal.
No total, quatro buscas são realizadas na prefeitura, e um mandado em empresa localizada na cidade de Uberlândia (MG).
Além da sede da prefeitura, também são realizadas buscas nas secretarias municipais de Saúde e Desenvolvimento Urbano. Policiais da Defaz foram deslocados para Minas Gerais, com apoio das forças policiais daquele Estado, para as buscas na sede da Trivale Administração Ltda.
A ação, inserida no inquérito policial 098/2018, apura fraude, praticada entre os anos de 2017 e 2018, no sistema de gerenciamento de abastecimento da frota municipal, com inserção de dados falsos, por meio de registros de abastecimentos fictícios dos veículos (não efetivamente realizados), em total desconformidade com a média de consumo (km rodado).
A investigação aponta que os veículos apresentavam quantidade superior a capacidade do tanque de combustível e até mesmo com combustível diferente do utilizado pelos carros oficiais. Veículos que possuem tanque com capacidade para 40 litros, por exemplo, teriam feito quatro abastecimentos no mesmo dia e no mesmo posto.
Conforme o delegado da Defaz, Sylvio do Vale Ferreira Junior, a fraude tem a participação de funcionários públicos municipais, do proprietário e dos funcionários do posto de combustível credenciado e da empresa Trivale, responsável por gerenciar os abastecimentos da frota municipal de Poconé.
O registro do combustível era feito por meio do cartão Vale Card, similar aos cartões de crédito. De acordo com fonte ouvida pela reportagem, há indícios de que servidores estariam utilizando o cartão no posto de combustível e retirando os valores em dinheiro vivo.
A operação busca apreender documentos e computadores que possam comprovar indícios de crimes contra a administração pública, peculato e organização criminosa contra a Prefeitura de Poconé.
Os documentos foram solicitados por via administrativa, mas não teriam sido fornecidos à Defaz. A partir da dificuldade em obter informações, a Polícia Civil decidiu deflagrar a operação.
Atualizada às 13h56 – Empresa nega ingerência sobre valores em cartões
Por meio de nota, a ValeCard, empresa prestadora de serviços na área de meios de pagamentos, benefícios e gestão de frotas, afirma que não tem ingerência sobre os beneficiários e valores creditados nos cartões, “função esta que fica a cargo da empresa ou órgão público contratante”. A empresa informa ainda que, embora funcione no formato de auto-gestão, o seu sistema de pagamentos conta com uma série de mecanismos que visam coibir fraudes.
“A ValeCard está colaborando com as autoridades e fornecendo todas as informações e documentos solicitados”, diz trecho da nota.