Quatro dias depois da assinatura do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, o ministro francês do Meio Ambiente, François de Rugy, afirmou nesta terça-feira (2) que o tratado “só será ratificado se o Brasil respeitar os seus compromissos”, especialmente em relação à luta contra o desmatamento da Amazônia. Mais cedo, a porta-voz do governo francês havia indicado que “a França não está pronta para ratificar” o compromisso.
“A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar minuciosamente esse acordo antes de ratificá-lo”, afirmou François de Rugy em entrevista à rádio Europe 1.
“É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações. Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases de efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica”.
Já a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, declarou que o texto será “analisado detalhadamente” antes de ser ratificado. Segundo ela, a exemplo do acordo de livre comércio assinado entre a UE e o Canadá, a França exigirá “garantias” aos países do Mercosul. A declaração foi feita em entrevista à BFMTV e à rádio RMC.
O acordo irritou em especial os produtores de carne da França, que temem os efeitos da entrada de produtos latino-americanos mais baratos no mercado europeu. Além deles, os ecologistas também estão inconformados, por criticarem a política ambiental do Brasil sobre o uso de agrotóxicos e o desmatamento.
No sábado (29), o presidente francês, Emmanuel Macron, comemorou ) a conclusão do tratado, declarando-se “vigilante” sobre sua aplicação.
20 anos de negociações
A votação final do texto negociado durante cerca de 20 anos entre os dois blocos não deve ocorrer antes de um ano. O texto primeiro deve ser reescrito em moldes jurídicos, traduzido para todas as línguas da União Europeia e submetido ao Conselho Europeu.
Só depois, passará pela avaliação dos parlamentares, numa legislatura que é marcada por posições mais nacionalistas e deu força para os deputados ecologistas.
Por G1.com