Juíza do PR revela que advogado de Cuiabá recebeu propina via paraíso fiscal

Marcosval teria recebido vantagem indevida à época em que trabalhava na Receita

0

O mandado de busca e apreensão expedido pela juíza federal Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), e cumprido em Cuiabá nesta quarta-feira (31) na 62ª fase da Operação Lava Jato tem como base declarações do delator Marco Blinski, ex-funcionário do Antígua Overseas Bank e executivo do Meinl Bank, ambos em Antígua e Barbuda. Em consequência disso, agentes da Polícia Federal cumpriram diligências de busca e apreensão contra o advogado tributarista e ex-auditor da Receita Federal, Marcosval Paiano.

Ele é morador do Condomínio Residencial Parque Pantanal 1, situado na Avenida Juliano Costa Marques, ao lado do Pantanal Shopping e não estava no apartamento quando os policiais vasculharam o imóvel. Nessa fase da Lava Jato as investigações têm como alvo o Grupo Petrópolis, fabricante de várias cervejas, dentre elas a marca Itaipava.

O grupo controlado pele empresário Walter Farias é acusado de ter auxiliado a empreiteira Odebrecht a pagar propina através da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior. Nesse contexto, o delator Marco Blinski apresentou os primeiros indícios da participação de empresas comandadas por Walter Farias no esquema criminoso.

Ele também disse que o advogado de Cuiabá teria sido um dos beneficiários de dinheiro de propina no período em que era auditor fiscal da Receita Federal. Conforme a decisão da Justiça Federal de Curitiba , em suas declarações o colaborador afirmou que Silvio Antunes Pelegrini, funcionário da distribuidora da Cervejaria Itaipava, solicitou a abertura de uma conta perante aquela instituição bancária em nome do Grupo Petrópolis.

Porém, a documentação do Grupo Petrópolis foi rejeitada, sendo então aberta uma conta no Antígua Overseas Bank em nome da offshore Legacy, constando como beneficiário Silvio Pelegrini. “Tal colaborador narrou também existir indícios de que a conta da offshore Legacy mantida no AOB foi usada para pagamento de vantagem indevida a agentes públicos, como no caso dos ex-auditores fiscais da Receita Federal Marcosval Paiano, demitido em 28/11/2018,e José Roberto Samogim Junior, falecido antes de denúncia, ambos investigados na operação Vulcano”, consta em trecho da decisão.

O valor que Paiano teria recebido no esquema não consta no despacho judicial. Marcosval Paiano também já foi preso em 2008 pela Polícia Federal por fraudes em exportações e importações. Naquela época ele ainda atuava como auditor da Receita Federal. Sua demissão do órgão federal ocorreu em 2018 por causa de improbidade administrativa, conforme consta em portaria publicada pelo Ministério da Fazenda.

62ª FASE DA LAVA JATO 

A 62ª fase da Lava Jato foi batizada de Rock City. Além de mandados de busca e apreensão, o Ministério Público Federal (MPF) também pediu a prisão do empresário Walter Faria e a juíza federal Gabriela Hardt acolheu.

Na sentença ela descreve que o proprietário do Grupo Petrópolis, “atuou em larga escala na lavagem de ativos e desempenhou substancial papel como grande operador de propina, principalmente decorrente de desvios na Petrobrás. Além de ter atuado no pagamento de vantagens indevidas decorrentes do contrato da sonda Petrobrás 10.000, atuou em conjunto com o Grupo Odebrecht na lavagem de centenas de milhões de reais”.

Segundo os elementos colhidos nas investigações relacionadas, Walter Faria mantém complexa estrutura financeira de contas no exterior relacionadas às atividades do grupo Petrópolis, parte delas geradoras de valores de origem ilícita.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here