O tenente-coronel Marcos Eduardo Ticianel Paccola foi preso no início da noite deste domingo (8) pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). O militar foi detido em sua residência, em Cuiabá.
Segundo fontes ligadas à investigação, Paccola foi preso pela suspeita de ter voltado a fraudar o registro de armas da PM, esquema que foi desbaratado na Operação Coverage, deflagrada pelo Gaeco em agosto passado.
Paccola e outros militares foram alvos da operação. Na ocasião, foram presos o tenente-coronel Sada Ribeiro Parreira, o sargento Berison Costa e Silva e os tenentes Cleber de Souza Ferreira e Thiago Satiro Albino.
Paccola não chegou a ser preso porque tinha a seu favor um habeas corpus preventivo concedido pelo Tribunal de Justiça.
O Gaeco acusa o grupo de ter agido para ocultar provas de que a arma do tenente Cleber de Souza Ferreira foi utilizada em três homicídios e quatro tentativas de homicídio praticados pelo grupo de extermínio denominado Mercenários.
Denunciados pelo MPE
Nesta semana, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia criminal à Justiça contra Paccola e os demais militares alvos da Coverage.
Na denúncia, o MPE pediu à Justiça pela demissão dos PMs.
Os denunciados devem responder pelos crimes de organização criminosa, embaraço de investigação em três inquéritos, falsidade ideológica, fraude processual e inserção de dados falsos em sistema de informações.
Além da condenação pelos crimes praticados, o Ministério Público requereu que, ao final da ação penal, seja decretada a perda definitiva do cargo público dos cinco réus.
Denúncia
Consta na denúncia que os oficiais militares utilizaram-se de seus cargos e funções de relevância para fomentar esquema voltado à adulteração de registros de armas de fogo, mediante falsificação documental e inserção de dados falsos em sistema informatizado da Superintendência de Apoio Logístico e Patrimônio da Polícia Militar.
Segundo a denúncia, uma das armas de fogo que teve o registro adulterado, adquirida por um dos denunciados, teve como objetivo ocultar a autoria de sete crimes de homicídios, sendo quatro tentados e três consumados, ocorridos entre os anos de 2015 e 2016, praticados pelo grupo de policiais conhecido como “Mercenários”.
O promotores também apresentam a correlação das ações dos denunciados com as investigações da Operação Assepsia, a partir da análise dos dados extraídos do aparelho celular do tenente Cleber de Souza Ferreira, apreendido durante o cumprimento de buscas e apreensões realizadas no âmbito da referida operação.
Segundo o MPE, em uma das conversas por whatsApp do tenente Cleber com a sua namorada, ele manifesta preocupação em resolver duas ocorrências relacionadas à apreensão de uma arma e de 86 celulares apreendidos e escondidos em um freezer localizado no interior da Penitenciária Central do Estado.