Após passar a ser investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeitas de ter mantido funcionários “fantasmas” em seu gabinete na Câmara Municipal, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou estar “tranquilo e despreocupado” e, mais uma vez, atacou a imprensa. “Imprensa lixo, não adianta me chamar para a briga, com desinformações que vocês sempre fomentaram, que não vou cair na armadilha. Qualquer um sabe o motivo disso tudo e qual o objetivo. Tranquilo e despreocupado! Bom dia a todos!”, disse, no Twitter, na manhã desta quinta-feira 12.
As denúncias de supostas irregularidades no escritório do filho Zero Dois do presidente Jair Bolsonaro (PSL) começaram a ser publicadas depois que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), irmão de Carlos, passou a ser investigado por práticas parecidas.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou o caso de Claudionor Gerbatim de Lima e Márcio da Silva Gerbatim, que trabalharam no gabinete de Carlos na Câmara e não têm registros de frequência. Os dois são parentes de Fabrício Queiroz, pivô da investigação envolvendo Flávio e seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que está suspensa por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As investigações do MP-RJ estão sob sigilo e correm em duas esferas: a criminal, que está nas mãos do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, com auxílio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim); e a cível, na qual se verifica se houve improbidade administrativa.
As investigações contra Flávio Bolsonaro, que apuram as práticas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, estão suspensas por terem usado informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial prévia. Dias Toffoli suspendeu provisoriamente todos os casos enquadrados nesse perfil.
Esses procedimentos contra Carlos, contudo, não têm relação com dados de movimentações financeiras fornecidos por órgãos de controle e podem ser tocados normalmente pelo Ministério Público. Carlos pediu licença da Câmara na última terça-feira, 10, para tratar de assuntos particulares.
Quando a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio e de outras 85 pessoas e nove empresas ligadas a ele, verificou-se que várias delas também haviam trabalhado com o presidente Jair Bolsonaro e com Carlos — inclusive no período considerado pela quebra de sigilo, entre janeiro de 2007 a dezembro de 2018. No entanto, se o MP estadual encontrasse alguma irregularidade relacionada a Jair Bolsonaro, o caso teria que ser remetido à Procuradoria-Geral da República.
(com Estadão Conteúdo)