Perícia realizada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça (CAOP), descarta a possibilidade de envenenamento dos peixes encontrados mortos esta semana no Rio Itiquira. Tudo indica que a causa da mortandade foi o fato dos peixes, em sua maioria cacharas, terem ficado presos em locas em razão do fechamento de comportas da Usina Hidrelétrica de Itiquira. Estima-se que aproximadamente 400 indivíduos de cacharas adultos tenham sido prejudicados pelo dano ambiental.
O biólogo, mestre em Ecologia e doutorando em Zoologia e Genética de Peixes, Nelson Flausino Junior, que atua no CAOP, explica que com o fechamento das comportas da usina muitas cacharas, que haviam migrado rio acima para se reproduzir, acabaram ficando presas em locas.
Segundo ele, as turbinas da usina pararam de funcionar entre os dias 04 a 14 de dezembro. Operadores da Usina Hidrelétrica afirmaram que a paralisação ocorreu para realização de limpeza com autorização da Eletrobrás e ONS – Operadora Nacional de Sistema. A vistoria realizada in loco contou também com a participação de analistas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Polícia Ambiental, Secretaria Municipal de Itiquira e um vereador.
O promotor de Justiça Claudio Angelo Correa Gonzaga disse que aguarda a finalização do laudo para análise e adoção das medidas cabíveis. Segundo ele, a participação da população e a divulgação das imagens causou grande sensibilidade na sociedade civil e contribuiu para uma rápida resposta do Estado. Várias imagens foram feitas utilizando um aplicativo gratuito, sugerido pelo promotor, que gera um carimbo de tempo e coordenadas geográficas nas imagens, auxiliando os órgãos de fiscalização com informações mais precisas de tempo e local e conferindo maior credibilidade nos registros feitos por populares.
“Estivemos pessoalmente na unidade da SEMA em Rondonópolis e alinhamos ações com os órgãos de fiscalização, algumas das quais já foram tomadas. O dano ambiental em questão causou grande comoção nas pessoas e a justa expectativa de que o causador do dano, que poderá ser apontado após a conclusão do laudo pericial, seja responsabilizado com rigor de quem causa esse dano em plena piracema. Fatos como este devem servir de estímulo para que a população reflita sobre os impactos ambientais dos empreendimentos hidrelétricos — seja daqueles já instalados e não inteiramente compensados, seja dos novos empreendimentos que se pretendem instalar”, destacou o promotor de Justiça