Cinco das 9 pessoas baleadas em suposto confronto em Colniza estão internadas

As duas vítimas que estão em estado mais grave foram transferidas para uma unidade de saúde em Juína.

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Por: G1.com

Das nove vítimas do suposto confronto na Fazenda Agropecuária Bauru (Magali), em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, no sábado (5), cinco permanecem internadas, como a Polícia Militar confirmou neste domingo (6).

O estado de saúde de duas delas é mais grave e, por isso, elas foram transferidas do Hospital Municipal de Colniza para uma unidade de saúde em Juína, a 737 km da capital.

Quatro seguranças da fazenda foram presos neste domingo (6). Testemunhas disseram à polícia que nenhum dos posseiros portava arma de fogo e os policiais encontraram no local apenas balas de armas usadas pelos funcionários da propriedade rural.

Após o suposto confronto, os nove baleados foram socorridos e encaminhados ao hospital de Colniza e quatro já tiveram alta. Além dos feridos, uma pessoa morreu. Elizeu Queres de Jesus, 38 anos, foi atingido por vários disparos de arma de fogo e morreu antes de ser socorrido.

Segundo a Polícia Civil, os seguranças foram interrogados durante a madrugada e afirmaram que reagiram a invasão de posseiros supostamente armados. Eles foram autuados em flagrante por um homicídio consumado e nove tentativas de homicídio.

A propriedade tem histórico de invasões. Em outubro de 2018, cerca de 200 pessoas armadas invadiram a propriedade. Naquela ocasião, o Ministério Público Estadual (MPE) havia alertado o governo de Mato Grosso sobre risco de conflito armado.

As vítimas que foram baleadas estavam acampadas a 7 km da fazenda, pois em novembro do ano passado tinham sido retiradas da fazenda em uma reintegração de posse.

A morte de Eliseu foi a primeira morte registrada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em 2019 por conflitos agrários. A CPT em Mato Grosso disse, em nota emitida nesse sábado, que se trata se uma tragédia anunciada.

“Uma tragédia anunciada e denunciada pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) e pela CPT. As entidades alertavam para o eminente conflito na região onde 200 famílias reivindicam o direito à terra e viviam sob a mira de cerca de 30 pistoleiros”, declarou a CPT.

Ainda conforme a comissão, algumas dessas famílias são posseiras, outras compraram o direito de estar na terra e já moram em lotes há algum tempo, produzindo e criando animais.

“São pessoas que apostaram no sonho de construir uma vida com o suor do trabalho. Não podemos deixar que mais um massacre aconteça, que mais uma violência aconteça a estas pessoas que já nasceram vulneráveis e que, por sua condição de pobreza, já nasceram em estado de exceção”, pontuou a CPT.

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