Coronéis confirmam ordem de ex-governador para destruir provas de grampos em MT

Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco apontam participação de Taques no caso; Siqueira Junior fica em silêncio

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Coronéis da Polícia Militar, o ex-comandante geral Zaqueu Barbosa e o ex-chefe da Casa Militar, Evandro Lesco, disseram à força-tarefa montada para apurar o esquema de escutas ilegais entre os anos de 2014 e 2015 que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) mandou eles destruírem os sistemas utilizados nos crimes — o Wytron e o Sentinela. Ex-secretário de Justiça e também coronel-PM, Airton Siqueira também esteve presente, mas usou seu direito legal de ficar calado.

As revelações foram feitas na tarde desta segunda-feira (4), quando os militares réus na ação nascida do esquema batizado como Grampolândia Pantaneira prestaram depoimento em uma delegacia da PJC (Polícia Judiciária Civil), durante acareação conduzida pela delegada Ana Cristina Feldner, componente da mesma equipe designada pela Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública) para investigar a suposta criação de um escritório montado com objetivo único de interceptar conversas telefônicas de adversários políticos do governador daquele turno.

“O coronel Lesco e coronel Zaqueu falaram e foi muito exitosa a diligência. Podemos dizer que foram elucidados muitos pontos controversos. Há bastante semelhança nos depoimentos deles, que dizem que a ordem partiu do então governador Pedro Taques, mas é importante deixar claro que tudo isso é segundo eles. As investigações prosseguem e nada está fechado. Não há uma conclusão das investigações”, contou a delegada.

A acareação era justamente para acabar com contradições e divergências nos depoimentos prestados até aqui relativos à destruição material de vestígios físicos. O coronel Siqueira Junior nega que o ex-governador tenha dado ordem para a destruição das placas. Por isso, de certa maneira, era um tanto quanto natural o silêncio, considerou Feldner, e — justamente por já ser esperado — não fará diferença no esclarecimento dos fatos.

Siqueira tem uma versão diferente da dos seus dois colegas de patente e nega ter dado qualquer ordem para destruição de equipamentos. “É um direito, previsto na legislação, que o investigado tem, de permanecer em silêncio, e nós asseguramos e respeitamos os direitos constitucionais”, continuou, aludindo à “dinâmica da investigação” e que é absolutamente comum pessoas ficarem caladas ante contradições ao que afirmaram anteriormente.

“A gente costuma dizer que se fosse assim só todo mundo ficar calado que a polícia nunca conseguiria investigar ninguém. Além do mais, temos outras técnicas também, como provas testemunhais e técnicas que vão mostrar qual é a verdade”, garantiu a delegada Ana Cristina Feldner.

A delegada que o ex-governador Pedro Taques, apontado como o “mandante dos grampos”, será ouvido. Ela, porém, disse que ainda não há previsão de data para a oitiva dele.

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