A Polícia Federal apura a possibilidade de que o ex-secretário Célio Rodrigues da Silva, acusado de desviar recursos da Secretaria Municipal de Saúde, tenha adquirido, por meio de sócios ocultos, pelo menos três outras empresas, além da Cervejaria Cuyabana. A investigação preliminar da PF indica que comparsas de Célio compraram um bar em Cuiabá, em bairro nobre da cidade, e outro bar do mesmo nome em Sinop.
Além disso, investigadores suspeitam que Célio tenha adquirido um restaurante na capital mato-grossense. Os nomes das empresas permanecem em sigilo porque os agentes da PF acreditam que comparsas de Célio podem destruir provas sobre a suposta lavagem de dinheiro.
As empresas remanescentes não foram incluídas na decisão que deu origem à Operação Cupincha e, por conta disso, a investigação segue no sentido de que comparsas do ex-secretário possam utilizar os bens como última fonte de renda para encarar as despesas com advogados no processo judicial que se avizinha e que ainda deve ser arrastar por muitos anos. De acordo com fontes ouvidas pela reportagem do jornal A Gazeta, pelo menos uma dessas empresas pertence também a Liandro Ventura da Silva e a Lielson Ventura da Silva.
Os dois são acusados de atuar como parceiros de Célio no esquema. Segundo a PF, foi por meio deles que contratações irregulares foram feitas na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Liandro ainda não apareceu oficialmente como investigado pela PF.
Liandro Ventura da Silva, que estava foragido da Polícia Federal desde o dia 28 de outubro, se entregou à Justiça na quinta-feira (4). No dia seguinte, ele foi ouvido pelo delegado responsável pelo caso e encaminhado ao Centro de Ressocialização de Cuiabá por não possuir formação superior.
SÓCIO E ESPOSA
Liandro é sócio da Cervejaria Cuyabana junto com Joany Costa, esposa do ex-secretário, que também foi preso no âmbito da Operação Cupincha. O ex-gestor está detido no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), pois possui ensino superior. Investigações da Polícia Federal dão conta de que Célio seria o verdadeiro dono da cervejaria, que pode ter sido adquirida com dinheiro de desvio da Saúde em Cuiabá.
Liandro ainda é proprietário da empresa Ventura Prestadora de Serviços Médicos Hospitalares Ltda, que tem nome fantasia Hospmed Servicos Medicos e Hospitalares. A empresa é investigada no esquema por conta das contratações na SMS. A PF acredita que a Ventura enviava orçamentos falsos para fraudar contratações por dispensa de licitação.
O jornal A Gazeta revelou que a cervejaria foi comprada por R$ 1,5 milhão, apesar da alteração contratual registrar que o valor da venda teria sido de R$ 500 mil. A cervejaria foi vendida pelo empresário Ricardo Sguarezi. Ele contou à PF que foi procurado por um intermediador, que se disse representante de Célio, após ter anunciado a fábrica em um grupo de cervejeiros de Mato Grosso na internet.
O jornal A Gazeta também revelou que Célio tinha 3 CPF’s diferentes. Algo queficou evidenciado nas próprias decisões da Justiça Federal, quando o juiz responsável pelo caso utilizou dois registros de pessoa física diferentes para determinar os mandados de busca e apreensão e de prisão contra Célio.
