Evo Morales chegou nesta terça-feira (12) ao México, país que lhe concedeu asilo apos o ex-presidente da Bolívia renunciar ao cargo sob pressão das Forças Armadas bolivianas. Ele desceu da aeronave às 14h17 (de Brasília).
O boliviano embarcou na aeronave da Força Aérea mexicana por volta das 22h50 de segunda-feira no aeroporto de Chimoré, perto de Cochabamba – antigo reduto do ex-presidente. Antes, o avião fez uma parada para abastecimento no Peru, que autorizou a entrada do avião no espaço aéreo local.
O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard Casaubón, afirmou, em uma rede social, que “de acordo com as convenções internacionais vigentes, [Evo] está sob proteção do México. Sua vida e integridade estão salvas”.
O avião fez uma parada para se abastecer de combustível no Paraguai e voltou à Cidade do México.
Numa coletiva de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores do México informou sobre a dificuldade de tirar Evo Morales da Bolívia e que estavam em andamento negociações com vários países para que a aeronave pudesse usar o espaço aéreo deles.
De acordo como o jornal mexicano “El Universal”, o governo do Peru negou o uso de seu espaço aéreo.
Já o Itamaraty confirmou que o voo com Evo passaria pelo Brasil. O pedido foi feito pelo México e atendido pelo governo brasileiro.
“Confirmamos que foi concedida autorização para sobrevoo de aeronave transportando o ex-presidente Evo Morales”, disse o Itamaraty.
‘Dói abandonar o país’
Evo se pronunciou em uma rede social. Ele afirmou que dói deixar o país por razões políticas, mas que ele estará de volta logo, com mais força e energia.
Ele renunciou no domingo (10), depois de comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, pedir a Evo que renunciasse.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou um relatório da auditoria que fez sobre as eleições na Bolívia, apontando fraude e a necessidade de nova votação.
Ao tomar conhecimento do relatório, Evo anunciou novas eleições, mas a notícia não foi suficiente para conter a ira da oposição. Naquele momento, ele já tinha perdido apoio dos policiais, que se recusavam a reprimir manifestações.
Última noite antes de partir
Uma foto que Evo publicou em uma rede social o mostra deitado em uma barraca improvisada com lençóis. “Assim foi a minha primeira noite depois de deixar a presidência foçado pelo golpe de Mesa e Camacho com a ajuda da polícia. Assim eu me lembrei dos meus tempos de dirigente [sindical]. Estou muito grato aos meus irmãos das federações do Trópico de Cochabamba por nos garantir segurança e cuidado”, ele escreveu.
Em uma outra mensagem, ele afirmou que houve tentativas de vandalizar suas propriedades.
“Depois de saquear e tratar de incendiar a minha casa em Villa Victoria, grupos de vândalos dos golpistas Mesa e Camacho atacaram meu domicílio no bairro Magisterio de Cochabamba. Eu agradeço muito aos meus vizinhos que frearam esses assaltos”, disse ele.