O juiz federal substituto, Fábio Roque da Silva Araújo, determinou a apreensão do passaporte do ex-secretário de estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci), Nilton Borges Borgato, alvo da operação “Descobrimento”, deflagrada nesta terça-feira (19) pela Polícia Federal. Caso a PF não consiga apreender o documento, o magistrado autorizou a “imediata inclusão do seu nome e qualificação em Difusão Vermelha da Interpol”. O processo encontra-se em segredo de justiça.
A lista conhecida como “Difusão Vermelha”, da Organização de Polícia Internacional (Interpol), é uma das ferramentas utilizadas pelo órgão para localização e extradição de indivíduos suspeitos de crimes que extrapolam o país onde residem – como um mandado de prisão internacional.
Segundo a decisão que autorizou a deflagração da operação “Descobrimento” , Nilton Borges Borgato, que possui a alcunha de “Índio” dentro da quadrilha, seria uma das lideranças da organização criminosa. Junto ao lobista Rowles Magalhães, peça central no esquema investigado pela PF, “Índio” faria parte do 1º escalão do bando.
“A PF concluiu que o investigado, de apelido Índio, trata-se de Nilton Borges Borgato, uma vez que, por diversas vezes, é citado encontro entre o Rowles e o Índio em Cuiabá, local onde ele exerce o Cargo e Secretário Estadual. A PF cita, como exemplo, o encontro do Rowles com o Índio ao lado do Hotel Paiaguás, localizado em Cuiabá/MT”, diz trecho dos autos, que revelam que os encontros ocorreram em 2020, quando Nilton ainda estava à frente da Seciteci.
ALVOS
Foram alvos de mandados de prisão, e de busca e apreensão, Marcelo Mendonça de Lemos, Juliana Cunha Roberto de Lemos, Rowles Magalhães da Silva, Ricardo Agostinho, Fernando de Souza Honorato, e Nilton Borges Borgato, Nelma Mitsue Penasso Kodama, Marcelo Lucena da Silva, Marcos Paulo Lopes Barbosa e Cláudio Rocha Júnior.
Sofreram mandados de busca e apreensão Edson Carvalho Sales dos Santos, Wagner Oliveira Ferreira, Dilson Borges dos Santos, Richard Rodrigues Consentino, Cícero Guilherme Conceição Desidério, Dariane Barbosa de Souza, Maria Amália Matos de Oliveira Pelegrini, Milena Maria Felisoni Coelho, Joelma de Moraes Gomes Girotto, Karolina Santos Trainotti, Wonder Magalhães Pereira da Silva, Lincon Felix dos Santos, Thiago de Oliveira Franca, Daniel Nogueira dos Santos.
Um suspeito, denotado como “Mel Novo”, também sofreu um mandado de busca e apreensão, e aguarda identificação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) para o seu cumprimento.
OPERAÇÃO DESCOBRIMENTO
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação “Descobrimento”, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína.
Estão sendo cumpridos 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. Em Portugal, com o acompanhamento de policiais federais, a polícia portuguesa cumpre três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nas cidades do Porto e Braga.
As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador/BA para abastecimento. Após ser inspecionado, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador/BA e pela Justiça portuguesa. A Justiça brasileira também decretou medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.
No curso das investigações, a PF contou com a colaboração da DEA (Drug Enforcement Administration – Agência norte-americana de combate às drogas), da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária Portuguesa e do Ministério Público Federal.