Exposição “Cuiabá Ribeirinha” destaca ameaças ambientais e culturais às comunidades tradicionais

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Nesta quinta-feira, 12 de setembro, às 16h, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso abre suas portas para o coquetel de lançamento da exposição fotográfica “Cuiabá Ribeirinha”, do renomado fotógrafo Cláudio Gomes. A mostra, que segue até o dia 26 de setembro, é uma realização do Instituto Memória do Poder Legislativo, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer (Secel/MT), com o apoio da Assembleia Legislativa e a contribuição do Deputado Estadual Lúdio Cabral.

Através de uma série de fotografias, Cláudio Gomes retrata o cotidiano das comunidades ribeirinhas, uma cultura que remete às origens da fundação de Cuiabá. Ele destaca que foi “nas barrancas do rio que aconteceu a mistura de raças, crenças e religiões. Lá reside e resiste a cultura tradicional, com suas manifestações como a dança, a cerâmica e a pesca artesanal”. Entre as comunidades representadas, São Gonçalo Beira Rio, considerado o marco zero da cidade, ganha destaque como símbolo de preservação cultural.

As imagens são resultado de um extenso projeto fotoetnográfico realizado entre janeiro e maio de 2024, nas comunidades de Cuiabá e Várzea Grande. No entanto, o olhar sensível de Cláudio vai além da beleza natural e cultural. Ele levanta um importante alerta: o modo de vida dessas comunidades está em risco. A recente aprovação de uma lei estadual que proíbe o transporte e a comercialização de pescado, aliada à possível construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), coloca em xeque a subsistência dessas populações. “É urgente compreender o modo de vida sustentável dessas comunidades, que está ancorado na pesca artesanal há muitas gerações”, enfatiza o fotógrafo. Ele aponta que essa prática é fundamental para a segurança alimentar e a renda das famílias ribeirinhas, que possuem um conhecimento profundo sobre o comportamento dos peixes e as variações do rio Cuiabá.

Além das ameaças diretas à pesca, Cláudio ressalta outro grave problema: o despejo de esgoto sem tratamento no rio, que acelera sua degradação e o assoreamento, agravado pelo uso de dragas. “As comunidades ribeirinhas manifestam grandes preocupações com os impactos ambientais e a desestabilização de sua cultura”, afirma.

Um dos momentos mais marcantes do projeto, segundo Cláudio, foi o encontro com Seo Dito, um benzedor de 99 anos, nascido no dia de São Gonçalo, seu santo de devoção. Cláudio descreve Seo Dito como um “patrimônio imaterial, Mestre do Saber”, e compartilha o impacto profundo que o ancião teve em sua jornada. “Eu não tenho técnica, tenho sensibilidade, intuição e a proteção de São Benedito”, diz Cláudio, que se define como alguém que prefere expressar-se por meio das lentes, superando as “dificuldades com as letrinhas”.

A exposição “Cuiabá Ribeirinha” busca, assim, não apenas registrar a beleza e a singularidade dessas comunidades, mas também lançar um alerta urgente sobre as ameaças que enfrentam, conectando o público a um patrimônio cultural que pode estar à beira de desaparecer.

SERVIÇO:

O QUÊ: Coquetel de lançamento da exposição fotográfica “Cuiabá Ribeirinha”

QUANDO: Quinta-feira, 12 de setembro, 16h

LOCAL: Saguão de entrada da Assembleia Legislativa de Mato Grosso

VISITAÇÃO: De 12 a 26 de setembro das 8h – 18h

 

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