Fux diz que falas de Bolsonaro atingem STF e cancela reunião entre Poderes. Assista

0

Em resposta aos frequentes ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do Supremo, Luiz Fux, anunciou hoje o cancelamento de uma reunião entre os chefes dos três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário —, combinada em meados de julho. “Sua Excelência [Bolsonaro] mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário, bem como insiste colocar sob suspeição a rigidez do processo eleitoral brasileiro. Diante dessas circunstâncias, o STF informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre chefes de Poderes, entre eles o presidente da República”, disse Fux, na tarde de hoje.
A decisão vem horas depois de Bolsonaro subir o tom contra Alexandre de Moraes, do STF, e dizer que “a hora dele vai chegar” — uma resposta à decisão do ministro de acolher uma notícia-crime do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e determinar a inclusão do presidente no inquérito das fake news, que investiga o financiamento e a disseminação de notícias falsas. O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteira. (…) Diálogo eficiente [entre Poderes] pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras.
O clima entre Bolsonaro e o Judiciário vem se acirrando no último mês, após reiteradas declarações do presidente sobre a possibilidade de não realização das eleições de 2022 caso não seja aprovada no Congresso uma proposta que institui o “voto impresso auditável”. Bolsonaro alega ter havido fraudes nas eleições de 2018 sem, no entanto, apresentar quaisquer provas de suas acusações. Um dos principais alvos de seus ataques é o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso .
O clima entre Bolsonaro e o Judiciário vem se acirrando no último mês, após reiteradas declarações do presidente sobre a possibilidade de não realização das eleições de 2022 caso não seja aprovada no Congresso uma proposta que institui o “voto impresso auditável”. Bolsonaro alega ter havido fraudes nas eleições de 2018 sem, no entanto, apresentar quaisquer provas de suas acusações. Um dos principais alvos de seus ataques é o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.
Bolsonaro já acusou Barroso de interferir no Congresso e de agir contra o voto impresso motivado por supostos interesses pessoais. Mais cedo, em publicação no Facebook, o presidente utilizou um episódio de 2016, quando o magistrado concedeu perdão a José Dirceu (PT) no caso do mensalão, para voltar a criticar Barroso. No post, Bolsonaro anexou uma notícia veiculada pela imprensa à época e citou o versículo da Bíblia que diz “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
No Twitter, Barroso rebateu, explicando que quem concede indulto a um condenado pela Justiça é o presidente da República, cabendo ao Judiciário apenas aplicá-lo na prática. “Nas execuções penais do mensalão, deferi [concedi] o benefício a todos que se adequaram aos requisitos”, escreveu o ministro.
Urnas são seguras
Apesar de questionadas por Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e testadas com regularidade sobre sua segurança. Já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações. O TSE afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas. Adicionalmente, segundo a Constituição, qualquer alteração no processo eleitoral deve ser aprovada ao menos um ano antes da votação. Isso significa que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do “voto impresso auditável”, apoiada por Bolsonaro, precisaria passar pelo Congresso até outubro deste ano para ser aplicadas às eleições de 2022.

(Com Reuters)

 

 

 

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here