O presidente do Hospital de Câncer de Mato Grosso, Laudemi Moreira Nogueira, afirmou que a Prefeitura de Cuiabá tem usado verbas que deveriam ser repassadas à unidade para pagar dívidas da Empresa Cuiabana de Saúde.
A declaração foi feita durante coletiva de imprensa, na quarta-feira (28), em que ele denunciou o Município por dever mais de R$ 41 milhões em repasses ao HCan.
“O adjunto financeiro da Secretaria de Saúde de Cuiabá disse ao meu diretor técnico [Diogo Sampaio] e mais duas pessoas que o recurso que ia para o HCan ele havia pago despesas da Empresa Cuiabana”, disse Nogueira.
A empresa ligada à Prefeitura é alvo de diversas polêmicas desde o início da Operação Curare, que investiga esquemas de desvios de recurso dentro da Secretaria de Saúde.
Além de ser investigada pela Polícia Federal, a Empresa Cuiabana também recebeu inúmeras denúncias de atraso de repasse de salários de médicos terceirizados que atuavam nos hospitais municipais da Capital.
O diretor técnico do HCan, Diogo Sampaio, também comentou sobre a situação e afirmou que o prefeito Emanuel Pinheiro tenta fazer um “sufocamento” do hospital pelo fato de a unidade ter entrado na Justiça contra o Município.
“Chegamos a essa situação porque semana passada um dos funcionários da Secretaria de Saúde falou: ‘Nós não vamos pagar mais um centavo ao Hospital de Câncer, porque vocês entraram na Justiça’’, afirmou.
“Por que o prefeito não para de usar os nossos recursos para pagar despesas da Empresa Cuiabana? Sentem eles entre si e resolvam”, acrescentou.
Repassador de recurso
O presidente da HCan declarou que toda a situação não poderia estar acontecendo com o hospital, justamente porque a responsabilidade do Município é apenas auditar, conferir e repassar os valores.
“Não tem nenhum centavo da Prefeitura de Cuiabá no contrato com o hospital. O Município de Cuiabá, que fique bem claro para a população, é um mero repassador dos recursos provenientes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado”, disse.
Como consequência, a falta de insumos, dívidas com fornecedores e atraso dos salários dos médicos já está comprometendo o funcionamento do HCan, que corre risco de fechar caso a situação não seja resolvida.
“Nós estamos no limiar do fechamento da porta com relação a insumos, medicamentos. Nós queremos só pedir? Não, mas é por causa dessa situação, se você andar pelo hospital vai ver que ele está cheio”, disse Laudemi.
“Ontem, tinha 16 ambulâncias do interior, fora os ônibus de vários municípios”, completou.