O presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, vereador Juca do Guaraná Filho (MDB), usou sua fala no pequeno expediente na sessão desta terça-feira (9) para pedir desculpas à vereadora Michelly Alencar (DEM). Na última sessão, o presidente da Casa de Leis chamou a parlamentar de ‘histérica’ durante uma discussão envolvendo o vereador Sargento Vidal (PROS).
Na ocasião, Vidal afirmou que Michelly tentou desgastar a imagem dos colegas divulgando em suas redes sociais que o início do processo de cassação do prefeito afastado, Emanuel Pinheiro (MDB), dependeria do tamanho do cheque que os parlamentares da base receberiam. A parlamentar pediu para responder, afirmando que havia sido citada de forma pejorativa.
Contudo, foi impedida pelo presidente, que tentou dar continuidade à sessão concedendo a fala aos demais inscritos. No meio da confusão Juca disse que não adiantava a vereadora “ficar histérica como uma menina que perdeu um doce”.
Eu quero começar a minha fala pedindo desculpas à vereadora Michelly. Não só a ela, mas a todas as mulheres dessa Casa e todas as mulheres cuiabanas pelo que eu disse na última sessão à vereadora. Não estou aqui para explicar ou justificar, apenas para reiterar o meu pedido de desculpas. Durante todo o final de semana estive refletindo o quanto que o machismo estrutural faz parte da nossa sociedade e muitas vezes não percebemos. Não tenho como sentir o que uma mulher sofre, mas consigo ter um fragmento desse sentimento, porque como negro, periférico, vindo de uma família pobre, sofri muito racismo. Até mesmo dentro desse plenário, entendo como é ser inferiorizado apenas pela cor da pele, entendo como é participar de uma discussão e escutar palavras racistas que me feriam, mas que eu não tinha forças ou argumento para rebater. Hoje eu entendo, mas também vejo que a força do movimento feminista, assim como o movimento LGBTQIA+ e o movimento negro estão trazendo é algo que não tem mais volta. Então, vereadora Michelly, Edna Sampaio e Maria Avallone peço-lhes mais uma vez desculpas”, se desculpou Juca do Guaraná.
Michely Alencar respondeu que, pessoalmente, aceita o pedido. Contudo, pediu uma reflexão de que violência de gênero na política já é considerado crime.Vai continuar com o processo no âmbito jurídico contra o vereador.” Não posso deixar passar esta violência que sofri,na sessão, por parte do Presidente da Casa. A Justiça vai decidir. Eu não posso abrir mão de lutar pelos meus direitos legislativos”, finalizou a vereadora.