A Polícia Federal , em cooperação com o Ministério Público Federal, deflagrou na manhã desta terça-feira a quarta fase da Operação Carne Fraca . A PF investiga pagamentos de R$ 19 milhões para ao menos 60 auditores fiscais agropecuários feitos pela empresa BRF.
Esses valores eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e até mesmo por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais. De acordo com o Ministério Público Federal, os fiscais tinham seus planos de saúde, assim como de seus dependentes, custeados pela companhia.
Nas planilhas internas, para burlar a fiscalização, constavam como aposentados. Segundo o delegado Mauricio Moscardi Grillo, a investigação foi possível em razão da colaboração espontânea feita pela empresa.
A empresa teria fornecido documentos e informações que estão ajudando a PF nas investigações. De acordo com o delegado, após as mudanças no comando da empresa realizados após a deflagração da 3ª fase da operação, em março de 2018, foi realizado um esforço de recuperação de provas do pagamento de vantagens indevidas em plantas da companhia.
— O grupo BRF teve que fazer um resgate de muita coisa e, dentro desse material probatorio, demonstra que fazia pagamentos aos fiscais — disse Grillo.
O delegado destacou que a empresa não é investigada.
— A empresa não vai ser investigada mas pessoas envolvidas com a empresa na época dos fatos, executivos que atuaram nesse direiconamento, sim — afirmou.
Na 3ª fase, o ex-presidente da empresa, Pedro de Andrade Faria, foi alvo da operação. Policiais federais também cumpriram mandados de busca e apreensão na empresa União Avicola, ligada ao ex-senador Cidinho Santos.
De acordo com Grillo, a BRF firmou um convênio com a empresa, que realizava os pagamentos aos fiscais e depois acertava as contas com o grupo BRF. Segundo as informações, o ex-servidor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Davy Marcelo de Matos Gregório, seria o fiscal que teria recebido propina do frigorífico ligado a Cidinho.
Atualmente, o ex-servidor do Mapa trabalha na BRF. A 4ª fase da operação foi batizada de “Romanos”, e faz referências a passagens bíblicas do Livro de Romanos, que abordam temas como confissão e justiça.
Nesta etapa da operação, estão sendo cumpridos 68 mandados de busca e apreensão em nove estados : Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
As práticas ilegais teriam ocorrido até 2017 e foram interrompidas depois que a BRF passou por uma reestruturação interna.
Cerca de 280 policiais foram destacados para cumprir os mandados expedidos pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.