A Polícia Civil de Mato Grosso cumpre, na manhã desta terça-feira (9), 58 mandados de prisão em uma operação contra membros de facções criminosas com atuação forte em roubos, tráfico de drogas, homicídio e crimes diversos de estelionatos, muitos deles praticados a mando e por membros que estão presos em unidades prisionais do Estado.
A operação denominada “Tentáculos” é coordenada pelo Núcleo de Inteligência da Delegacia da Polícia Civil de Tangará da Serra (a 239 km da Capital) e desenvolvida em seis municípios de Mato Grosso: Cuiabá, Campo Novo dos Parecis, Tangará da Serra, Barra dos Bugres, Rondonópolis e Juína.
Os mandados de prisão foram expedidos contra 18 criminosos já presos em unidades dos municípios de Campo Novo, Tangará da Serra, Barra do Bugres, Cuiabá, Rondonópolis, e 40 integrantes da organização que estão soltos atuando no cometimento de crimes, totalizando 58 alvos. Somente em Campo Novo dos Parecis são 36 alvos.
Conforme as investigações, o grupo tem presença forte no tráfico de drogas, roubos e homicídios. Também foi identificado que a organização criminosa praticava muitos estelionatos em modalidades diversas, como golpes contra familiares de pacientes internados em hospitais, principalmente, no Estado de São Paulo.
Segundo a polícia, habilidosamente os criminosos se passavam por médicos e convenciam funcionários de hospitais a informarem dados de pacientes. Depois, entravam em contato com as vítimas, pedindo dinheiro para pagamento de exames específicos e urgentes.
Os criminosos também acessavam publicações da venda de produtos na internet, principalmente na página da OLX, e mantinham contato com os vendedores negociando a compra, alegando pagamento com depósito bancário em envelope vazio.
Outro golpe aplicado é o chamado “bença tia”, que consiste em enganar pessoas, especialmente idosos, falando ser um sobrinho, por exemplo. Após convencer a vítima, informa que está com o carro quebrado na estrada ou outra situação, necessitando de dinheiro para seu conserto.
O dinheiro dos golpes sempre cai em conta de aliados, que sacam ou transferem os valores, pulverizando de forma rápida e causando prejuízo às vítimas, antes mesmo que elas consigam procurar a Polícia.
Modalidades distintas de arrecadação financeira também foram confirmadas, como o pagamento de mensalidades dos membros da organização e mensalidades de pontos de tráfico, as chamadas biqueiras/boca de fumo/lojinhas, entre outras formas.
Acesso a celulares
O delegado Adil Pinheiro de Paula ressalta que o enfrentamento às organizações criminosas pelas forças de Segurança Pública tem sido dificultado pelo acesso do lideres a celulares dentro das principais unidades prisionais do Estado.
“O que a polícia pode fazer é prender o criminoso, mas dentro da cadeia ele continua a cometer crimes, e pior, de forma potencializada. Infelizmente, essa operação mostra que parte das cadeias do Estado estão servindo de abrigo ao cometimento de crimes”, criticou.
Conforme o delegado, mesmo estando recolhido dentro de cadeias/presídios, os criminosos irão responder pelos crimes cometidos na rua, que serão somados às suas penas, reduzindo a possíbilidade de beneficios de progressão de regime.
O inquérito da operação “Tentáculos” foi instaurado na Delegacia de Tangará da Serra e deverá ser encaminhado, dentro de 30 dias, à 7ª Vara Criminal de Cuiabá.