A senadora Juíza Selma (PSL-MT) defendeu nesta segunda-feira (5), em Plenário, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), de Mato Grosso, das acusações de que se beneficiaram de uma prática ilegal conhecida como “barriga de aluguel” — termo utilizado para a espionagem clandestina.
Para a parlamentar, essas acusações partiram de organizações criminosas que, possivelmente, foram condenadas por ação do Gaeco e têm como objetivo descredibilizar a instituição e sua atuação. Juíza Selma comparou este caso com o do ministro da Justiça e Segurança Púbica, Sergio Moro, que teve seu celular invadido por hackers e suas mensagens pessoais publicadas em veículos de comunicação.
— De mocinhos, os promotores do Gaeco, os promotores da 14ª Promotoria, viraram vilões por astúcia, por ação indevida dessas organizações criminosas. Isso deve servir para nós, legisladores, cidadãos, como um alerta de como as organizações criminosas costumam agir. É por isso que elas são tão fortes, é por isso que é tão difícil derrubá-las. Elas sempre vão conseguir, mediante influência política ou mediante a força do dinheiro, a força da corrupção e do suborno, reverter as suas perdas — analisou.
Selma colocou que a ação do Ministério Público e do Gaeco foram fundamentais para descobrir crimes cometidos por políticos. Citou que, durante muitos anos, o Estado foi “destroçado por criminosos”. “Eu fui juíza de uma vara especializada em combate à corrupção, lavagem de dinheiro, entre outras especialidades, e lá eu recebi, tanto do Gaeco, quanto do Ministério Público, inúmeras operações que foram deflagradas e conseguiram colocar na cadeia e condenar muitas das pessoas que fizeram a mesma coisa que os bandidos presos pela Lava Jato fizeram: destroçaram o Estado de Mato Grosso, um dos Estados mais ricos do Brasil, um dos Estados que leva este País nas costas com a sua produção agropecuária. Foi aviltado, vilipendiado, pelas mãos de um Governador do Estado corrupto e de sua trupe, e também pelas mãos de um Presidente da Assembleia Legislativa corrupto e de sua quadrilha”
A senadora comparou que os membros do MPE de Mato Grosso, incluindo o Gaeco, estão sofrendo as mesmas acusações que os procuradores que atuam na Operação Lava Jato e o ministro e ex-juiz federal Sérgio Moro. “Eu venho aqui para render as minhas homenagens ao pessoal do Gaeco, que eu vi trabalhando diuturnamente até a madrugada, virando noite, levantando documentos, fazendo análises minuciosas, sérias, que resultaram na condenação desses corruptos. E venho dizer aqui que eu não admito e não vou admitir que o nome do Gaeco seja aviltado, seja colocado à prova por quem quer que seja”, continuou.
A ex-juíza explicou rapidamente aos colegas de plenário sobre a Grampolândia Pantaneira, esquema criado no governo de Pedro Taques para interceptar adversários políticos e pessoas que poderiam prejudica-los. Ela criticou, nominalmente, as ações do cabo Gerson Luiz Correa Junior, operador das escutas ilegais e que, segundo ela, muda de versão a cada depoimento.
“Em cada uma das versões que ele apresenta, se veem inúmeras contradições. Agora, ele tem tentado sujar o nome do Gaeco dizendo que o Gaeco fez barriga de aluguel”, assinalou.
Ao final, a senadora criticou a Ordem dos Advogados do Brasil, tanto nacional quanto de Mato Grosso, por “fomentarem a inversão de valores” e apontarem os membros do Ministério Público, que atuam no combate a corrupção, como criminosos. “Tomara que essa inversão de valores não resulte no pior. Tomara que nós consigamos refletir que, enquanto a briga pelo poder faz com que o Judiciário se omita e faz com que as autoridades investigativas fiquem acuadas, quem ganha é a defesa dos malfeitores e quem perde com isso tudo é só o Brasil e os brasileiros”, concluiu.