O cheiro de pastel, a beleza dos artesanatos, o frescor das verduras e frutas e aquele clima amistoso de gente reunida toma conta do Paço Municipal Couto Magalhães nesta quinta-feira (15). É a Feira da Agricultura Familiar, promovida pelas Prefeituras de Várzea Grande e de Nossa Senhora do Livramento, que tem o objetivo de incentivar os pequenos produtores rurais de ambos os municípios, movimentando a economia e gerando valor para esses microempreendedores do campo. Por parte de Várzea Grande, a organização foi da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEMMADRS).
Na feira, que vai até às 17 horas desta quinta (15), estão sendo comercializados mel, própolis, queijos, verduras, frutas, artesanatos, pastel, licores, doces, pães, bolos, sequilhos, farinha de mandioca, entre outros, tudo com muita qualidade e preço justo.
A servidora pública Dalva Rosa Gomes Pinheiro, compareceu à feira, onde comprou itens que nem sempre estão presentes nas gôndolas dos supermercados, como jaca, jiló e quiabo. “Estou gostando. O preço é bem razoável, está bem organizado e os produtos são de qualidade”, avaliou.
Gabriely Samara de Campos foi com uma amiga comer pastel e acabou se interessando por outros produtos. “A gente estava andando e conhecendo. Já comprei um pastel muito gostoso por sinal e agora estou comprando própolis”. A cliente também parabenizou a feira. “Eu achei muito legal e muito criativa a ideia. Acho que todos que vieram aproveitaram bastante porque são produtos de qualidade e atendimento excelente!”
Juliano Levi, que é operador de máquinas da Prefeitura e trabalha prestando serviço de preparo do solo nas pequenas propriedades rurais de Várzea Grande, prestigiou a Feira da Agricultura Familiar e se disse satisfeito por ver o resultado do trabalho em conjunto entre o poder público e os agricultores familiares. “O trator é da Prefeitura e eu sou operador. Cada dia estou numa comunidade e vejo que eles fazem as coisas com carinho e amor”, afirmou.
Oportunidades e superação
Para a grande maioria dos feirantes, a agricultura familiar se mostrou um recomeço de vida, seja para conseguir uma nova fonte de renda durante a crise econômica advinda da pandemia de covid-19, seja para se sentir ativo após a aposentadoria ou mesmo sair de uma depressão. Cada um tem sua história e contou com o apoio da Prefeitura de Várzea Grande.
Durval dos Santos é cabeleireiro e tem um salão de beleza em Cuiabá há quase 4 décadas. Durante a pandemia, com o fechamento dos estabelecimentos de beleza, ele investiu na produção de pitaias em seu sítio na comunidade Formigueiro e hoje, mesmo retomado sua atividade principal no ramo da beleza, já fornece a fruta para vários feirantes. “Está vendendo bem, graças a Deus. O povo está gostando da pitaia. “Pretendo continuar trabalhando com isso, com certeza”.
A artesã Jucilene Maria da Silva e o holericultor Elizeu Lourenço montaram uma barraca com frutas, verduras, hortaliças e produtos de crochê. Ele conta que planta uma parte do que vende e também trabalha com produtos de agricultores familiares da região. Na pandemia, ele começou a trabalhar com vendas de porta em porta, passando com seu carro pelas ruas de Várzea Grande. Em sua primeira feira, ele torce para que ocorra mais vezes. “Me aposentei, mas meu salário não pagava as contas. Tinha dois filhos fazendo faculdade. Aí tive que me virar. Essa renda me ajuda bem, ajudou a formar meus filhos”, conta.
A aposentada Antônia da Guia Souza Silva, moradora da comunidade Formigueiro, é a prova de que as políticas voltadas à agricultura familiar fazem a diferença na vida das pessoas. Em julho, ela fez um curso de holericultura (levado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEMMADRS) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MT) e o Sindicato Rural de Nossa Senhora do Livramento) e hoje já está vendendo o que colheu em sua segunda safra de hortaliças. “A primeira colheita a gente dividiu entre os colegas que fizeram o curso e a segunda remessa é esta aqui que estou vendendo. Trouxe alface, cebolinha e almeirão. Estou vendendo a R$ 5 e já vendi quase tudo. É a primeira feira que eu participo. Estou gostando e pretendo continuar”, disse.
Antônia da Guia relata ainda que tem recebido apoio constante da equipe da SEMMADRS. “É muito bom! Para a pessoa que tem interesse, quer aprender e complementar a renda, é ótimo! Eles me acompanham sempre. De 15 em 15 dias tem um agrônomo que vai ver como está minha produção, se está boa ou não, me dá orientação. Faz muita diferença! Me ajuda muito!”, diz.
Vizinha de Antônia, Sueli de Moraes também já fez vários cursos do SENAR levados pela prefeitura para sua comunidade, como de holericultura e panificação artesanal. “Tem mais de 20 anos que vendo pão, mas era só pão e biscoitinho. Fiz o curso de panificação do Senar há uns 2 meses atrás e diversifiquei. Hoje tenho bolos, pães, roscas, sequilhos. Estou vendendo bem, está superando as expectativas. É minha primeira feira e estou achando ótimo!”, afirma.
Sueli conta o quanto fazer esses cursos e potencializar sua atividade com apoio da Prefeitura melhorou sua vida. “Para mim foi muito importante esse apoio! Essa feira está sendo muito boa porque a gente adquire conhecimento e vê que tudo tem saída, tudo é vendável e tem aproveitamento. É bom porque ajuda a gente material, pessoalmente e até na saúde porque eu tinha muita depressão e hoje as coisas fluem porque trabalho a mente e tenho convívio com outras pessoas”, revela.
A empreendedora Gisele Miranda veio de Nossa Senhora do Livramento representando uma associação de agricultores familiares para vender doces, licores, banana chips, artesanato, entre outros, e aprovou a iniciativa dos dois municípios em realizar a feira. “Eu achei ótima a ideia de unir. É um incentivo para os agricultores produzirem e ficarem mais animados ao ver os produtos deles saindo de lá. É muito gratificante. As vendas estão boas. O pessoal está vindo. Muita gente está vendo nossas postagens nas redes sociais e vindo aqui comprar. A propaganda é a alma do negócio”, atesta.
Parceria intermunicipal
O secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável, Célio dos Santos, explica que o projeto é experimental, mas já mostra que tem potencial para se transformar em uma feira periódica. “Para nós é motivo de muita alegria estar realizando pela primeira vez uma Feira da Agricultura Familiar organizada pela Prefeitura de Várzea Grande em parceria com a Prefeitura de Nossa Senhora do Livramento. Os resultados preliminares nos deixam muito otimistas para organizar outros eventos com este para divulgar os produtos da agricultura familiar dessas duas cidades”.
O gestor afirma que, além da parceria com o Município vizinho, a feira só foi possível devido ao apoio do prefeito Kalil Baracat e das demais secretarias, que ajudaram a organizar a estrutura. “Gostaria de agradecer ao prefeito, que é uma pessoa que acredita na agricultura familiar e que tem investido muito nisso. Agradeço também a todas as secretarias que nos ajudaram a realizar este evento fantástico”, disse, destacando o empenho de toda a equipe da Coordenação de Desenvolvimento Rural Sustentável da Pasta, sob coordenação do servidor Jhonattan Ferreira.
De acordo com o secretário de Cultura e Turismo de Nossa Senhora do Livramento, José Eugênio Maciel, o município já realiza uma feira mensal que une agricultura familiar e cultura, além disso, dispõe do Centro Comercial de Produtos “É de Livramento”. Assim como ocorre em Várzea Grande, os aparatos de comércio da produção local são resultado das ações de assistência técnica, cursos, entre outros serviços desenvolvidos corriqueiramente junto aos pequenos produtores.
Segundo José Eugênio, a parceria por meio da feira surgiu por sugestão de Várzea Grande. “Recebemos a visita do secretário Célio e discutimos a possibilidade de trabalhar em conjunto porque quanto mais abertura de mercado para os agricultores familiares, melhor para eles porque podem divulgar e vender seus produtos em maior quantidade. Se a recepção do público for boa, vamos fazer novamente no ano que vem. Esse intercâmbio é extremamente importante para os municípios da Baixada cuiabana porque temos potencial na agricultura familiar”, afirma.