A Polícia Federal indiciou nesta segunda-feira, 1º, três assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), e quatro mulheres apontadas como candidatas laranjas do PSL nas eleições de 2018.
Em depoimentos ao longo das investigações, todos permaneceram em silêncio. O indiciamento foi por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba e associação criminosa. O inquérito será agora enviado ao Ministério Público, para apresentação, ou não, de denúncia.
A investigação sobre as candidaturas de laranjas do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, começou após reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelar a existência de um esquema que direcionou 279.000 reais em verbas públicas do partido para quatro candidatas da legenda em Minas.
As ex-candidatas indiciadas são Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. Juntas, as quatro receberam cerca de 2.100 votos.
Na quinta-feira, 27, a PF, também no âmbito das investigações sobre o esquema, prendeu o assessor especial de Marcelo Álvaro no ministério, Mateus von Rondon, e dois coordenadores da campanha do hoje ministro e deputado federal no ano passado: Roberto Soares e Haissander Souza de Paula. Os dois trabalhavam, respectivamente, em Ipatinga e Governador Valadares (MG). Nesta segunda, 1º, os três tiveram pedido de soltura autorizado pela Justiça Eleitoral em Belo Horizonte.
O ministro do Turismo nega qualquer participação no esquema. O diretório do PSL em Minas ainda não se pronunciou.
Nas investigações, ficou comprovado, entre outros pontos, que uma gráfica utilizada no suposto esquema já não funcionava dois anos antes das eleições. A PF apurou ainda que a empresa pertencia a um irmão de Roberto Soares.
Segundo a polícia, a relação custo por voto entre as mulheres que teriam sido usadas como laranjas no esquema era maior que a registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio entre os que venceram era de 10 reais por voto, enquanto o das candidatas do PSL era de 300 reais.
As penas máximas para os três crimes são de nove anos e três meses de prisão. O Ministério Público de Minas também investiga o suposto esquema de desvio de recursos do Fundo Eleitoral.