“Eu acho que vai ter um final muito tranquilo. A gente vai conseguir fazer essa renovação, mas tem que ter calma e paciência. Às vezes o empresário fica mais afobado, mas isso é do jogo”
Essas foram as palavras de Marcos Braz em entrevista a jornalistas em Volta Redonda, após ser perguntado sobre a negociação para renovar o contrato de Arrascaeta, um dos principais jogadores do atual elenco. O vice de futebol usou essas palavras porque a diretoria tem enfrentado uma situação inusitada para conseguir estender o vínculo do uruguaio.
As negociações se arrastam desde janeiro, quando Marcos Braz e Bruno Spindel, vice de futebol e diretor de futebol do Flamengo, respectivamente, iniciaram as tratativas com Daniel Fonseca, agente de Arrascaeta. Na ocasião, o representante do meia colocou uma condição para topar a renovação: o Rubro-Negro teria que comprar 25% dos direitos econômicos do meia, no valor de€ 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões), que ainda estão vinculados ao Defensor Sporting, do Uruguai.
À época, os dirigentes explicaram que não seria possível pela parte financeira, pois, por conta da pandemia da Covid-19, o Flamengo encarava quedas drásticas de receitas. Porém, para que todos os lados ficassem satisfeitos, Bruno Spindel e Marcos Braz propuseram a Daniel Fonseca que a renovação acontecesse em janeiro e, depois que o cenário econômico melhorasse, o Rubro-Negro poderia fazer o movimento de adquirir o percentual que ainda pertence à equipe uruguaia.
Inclusive, para aumentar o compromisso de Arrascaeta, o Flamengo topou dar uma valorização salarial de 25% ao jogador, e a extensão do contrato até dezembro de 2025 (o atual termina em dezembro de 2023).
Em relação à promoção nos vencimentos do atleta e ao tempo do vínculo, Daniel Fonseca topou, mas não aprovou a proposta de comprar o percentual do Defensor no futuro e não deu o aval para que a negociação pela renovação avançasse. Pelo contrário. O representante do meia decidiu entrar em contato diretamente com o presidente Rodolfo Landim, que de fato é o “homem da caneta”, mas foi em vão, e o mandatário o aconselhou a manter as conversas com Spindel e Braz.
Então, de lá para cá, mais de 15 rodadas de negociações aconteceram e todas são no mesmo tom, com Daniel Fonseca exigindo que o Flamengo compre o percentual junto ao Defensor. A diretoria rubro-negra entende que, neste momento, não pode fazer este investimento, mas não descarta desembolsar a quantia no futuro.
O cenário atual é o seguinte: as partes já chegaram a um acordo em relação ao valor de valorização salarial e ao tempo do novo contrato. O entrave é a compra dos direitos de Arrascaeta que pertencem ao Defensor. Em contato com a reportagem, a diretoria do clube uruguaio garante que, até o momento, não foi procurada nem pela equipe carioca e nem pelo agente do jogador.
A postura de Daniel Fonseca não preocupa a diretoria do Flamengo, apesar do passado do representante, que forçou a saída do meia do Cruzeiro, fazendo com que o atleta nem se apresentasse ao clube mineiro e viajasse ao Uruguai.
André Cury, agente brasileiro que participou da ida do jogador ao clube carioca, em entrevista recente ao Jornal O Dia, deixou claro que Daniel Fonseca é uma pessoa um tanto complicada nas negociações, com direito a ter seguranças armados durante as reuniões em uma Chácara em Montevidéu, no Uruguai. (veja o vídeo abaixo).
A cúpula rubro-negra entende que está bem cercada em relação a isso. Arrascaeta está com o salário em dia, demonstrar estar feliz, a multa rescisória é alta e tempo de contrato (até o fim de 2023) que permite a diretoria ter paciências nas tratativas.
Alheio ao que acontece fora de campo, mas dando aval a Daniel Fonseca para tomar as rédeas nas negociações com o Flamengo, Arrascaeta segue normalmente a sua rotina de treinamento e destaque em jogos. No último, contra o Sport, o meia foi eleito o melhor em campo.
(O Dia/C. Metropolitano)