A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta sexta-feira (24) que vai deixar o cargo em 7 de junho. A renúncia foi anunciada após a líder do Partido Conservador fracassar na condução do Brexit, processo de saída do Reino Unido da União Europeia.
May, que vinha sofrendo uma forte pressão para deixar o cargo — inclusive dentro do seu próprio partido —, declarou ao discursar que fez o seu melhor ao tentar implementar o Brexit. Agora, os conservadores iniciarão um processo para escolher o novo líder do governo.
A primeira-ministra britânica, que tem 62 anos e está há quase três anos no poder, afirmou que decidiu deixar o cargo após o terceiro fracasso em aprovar no Parlamento Britânico o acordo costurado por ela com a União Europeia sobre o Brexit.
“Sempre será motivo de profundo pesar para mim que eu não tenha sido capaz de entregar o Brexit”, afirmou a premiê, que ficou com a voz embargada e chegou a chorar no fim do seu pronunciamento.
Agora, o favorito para ocupar o cargo que será deixado por May é o ex-ministro de Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, que liderou a campanha em defesa do Brexit. Johnson já admitiu ter a pretensão de assumir a liderança. Outros quatro políticos estão entre os que têm mais chances de ocuparem o cargo.
O processo de sucessão deve começar em 10 de junho. A oposição pede eleições gerais. O processo de escolha do novo líder deve ser concluído até o fim de junho, antes da folga de verão do Parlamento, que tradicionalmente ocorre em julho.
May tinha prometido deixar cargo
May já tinha prometido que deixaria o governo assim que seu acordo com a UE fosse aprovado. No início da semana, ela apresentou sua última proposta a ser submetida aos deputados britânicos. A premiê propunha que os parlamentares votassem, após a aprovação da íntegra do texto, se o documento final deveria ou não passar por um segundo referendo.
A proposta foi um fracasso e motivou, na última quarta-feira (22), a renúncia de outra figura importante no Partido Conservador, a líder do governo na Câmara dos Comuns, Andrea Leadson — contrária à ideia de um novo referendo.
Do poder à renúncia
A líder conservadora assumiu o governo nas semanas posteriores ao referendo de 2016, que decidiu pelo Brexit. O resultado tinha levado à renúncia do também conservador David Cameron, de quem May foi ministra do Interior por seis anos.
Apesar de ser considerada cética sobre a União Europeia, ela havia defendido a permanência do Reino Unido no bloco. No entanto, May teve pouco envolvimento na campanha do referendo e insistiu na necessidade de limitar a imigração — pauta dos defensores do Brexit.
Um ano após assumir o gabinete de governo, a primeira-ministra convocou eleições legislativas para fortalecer sua posição, mas acabou perdendo a maioria absoluta. Desde então, aumentaram os ataques contra ela dos eurocéticos e pró-europeus de seu próprio partido.
Diversos ministros abandonaram May, descontentes com a ideia dela de negociar um relacionamento próximo com a União Europeia. Um deles foi o próprio Boris Johnson, que deixou o comando da diplomacia britânica em julho do ano passado. O apoio à gestão May só diminuiu de lá para cá.
Eleições para Parlamento Europeu começaram
O anúncio da renúncia de May ocorre um dia após o início das eleições para o Parlamento Europeu. O Reino Unido não queria participar do pleito, em que surge como favorito o Partido do Brexit, de Nigel Farage.
Os resultados serão conhecidos somente no domingo (26), quando termina a votação em todos os 28 países do bloco.
Theresa May durante pronunciamento nesta sexta-feira (24) — Foto: Toby Melville/Reuters
O Reino Unido determinou sua saída da União Europeia para o dia 31 de outubro, após solicitar um adiamento da data que inicialmente estava estabelecida para 29 de março deste ano.