Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE) em apoio à Polícia Civil do Distrito Federal (DF), está cumprindo 8 ordens judiciais da Operação Sistema, deflagrada pela polícia do Planalto Central para desarticular uma quadrilha especializada em tráfico de cocaína. Em Mato Grosso, os mandados são cumpridos em Mirassol D’Oeste (300 km ao Oeste de Cuiabá), de onde saíram dois carregamentos da droga.
De acordo com as informações da assessoria de imprensa do órgão, são cumpridos 6 mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária. Os alvos são integrantes da organização criminosa que atua não só no tráfico, mas também na lavagem de dinheiro.
Em todo o país, a operação cumpre mais de 70 mandados. Além do Distrito Federal e Mato Grosso, as equipes também fazem buscas nos estados de Goiás e São Paulo. Justiça autorizou ainda o sequestro de bens e bloqueios de contas bancárias dos membros da organização criminosa.
Droga saia de MT
Conforme a investigação da polícia do DF, a estrutura completa da organização criminosa foi revelada há 3 anos naquele estado. Mas, ela era dividida em dois núcleos, com lideranças de ações e planejamentos do transporte da cocaína, que saía de Mirassol D’Oeste.
Os 3 líderes da quadrilha – que não foram identificados – ficavam com o lucro principal. Eles direcionavam o dinheiro do tráfico para imóveis e estabelecimentos comerciais. Utilizando da clássica estratégia de lavagem de dinheiro para confundir e dificultar o trabalho dos investigadores.
Segundo a delegada titular da DRE, Juliana Chiquito Palhares, esse tipo de intercambio de informações entre as Polícias Civis do Brasil é uma metodologia exitosa, que contribui para o bom desenvolvimento da investigação.
“A DRE vem exercendo essa parceria em investigações próprias e de terceiros há bastante tempo e isso fortalece a investigação permitindo ter uma amplitude do trabalho investigativo, que as vezes sem esse apoio ficaria muito mais difícil”, disse a delegada.
Aquisição de drogas
A investigação comprovou que a organização criminosa adquiriu e realizou a logística do transporte de dois grandes carregamentos de cloridrato de cocaína.
O primeiro, apreendido em janeiro, em Uruaçu (GO), ocasião em que cerca de 300 quilos de cocaína eram transportados em compartimento falso de um caminhão do tipo boiadeiro.
O segundo no mês de fevereiro também na região de Uruaçu (GO), ocasião em que a Polícia Civil do Distrito Federal apreendeu, em atuação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal, 205 quilos de cloridrato de cocaína.
A organização criminosa atuou da mesma forma nas duas situações, contratando os mesmos batedores e responsáveis pela logística do transporte de drogas, o que revelou a atuação de núcleo criminoso da cidade de Mirassol do Oeste (MT), de onde saíram os dois carregamentos.
Operação em andamento:
De acordo com as investigações, os suspeitos atuavam na Vila Telebrasília e em Samambaia, e se dividiam em dois núcleos. A polícia afirma que eles planejavam e executavam ações para transporte de cocaína. A suspeita é de que, desde o início da apuração, o grupo tenha movimentado R$ 10 milhões.
14 mandados de prisão temporária dos supostos chefes e de integrantes da organização criminosa, além de uma conselheira tutelar;
60 mandados de busca e apreensão: um em São Paulo, três em Goiás, 9 em Mato Grosso do Sul e 47 no DF;
56 mandados de sequestro judicial de bens móveis (veículos e jet-skis) e imóveis;
A Polícia Civil afirma o grupo atuava sob o comando de três chefes. Os suspeitos realizavam supostas ações sociais na Vila Telebrasília para angariar apoio da comunidade. Os investigadores apontam que há registros de que a organização patrocinou festas de Dia das Crianças e de Páscoa.
Ainda segundo a polícia, há indícios de que o tráfico de drogas potencializou a eleição da conselheira tutelar presa. À época do pleito, ela era esposa de um dos chefes do grupo criminoso. De acordo com a corporação, eleitores foram levados aos locais de votação.
A investigação apontou duas ações de transporte de grandes carregamentos de cocaína, realizadas pela organização criminosa. A primeira ocorreu em novembro do ano passado, na cidade de Uruaçu, em Goiás.
À ocasião, foram apreendidos 300 kg de cocaína. A droga era levada no compartimento falso de um caminhão usado para o transporte de animais.
Na segunda apreensão, em fevereiro deste ano, policiais civis do DF e federais apreenderam, também em Uruaçu, 205 kg de cocaína. Segundo os investigadores, a organização atuou da mesma forma nas duas ocasiões, contratando batedores e responsáveis pela logística do transporte das drogas. A Polícia Civil afirma ainda que os dois carregamentos saíram da cidade de Mirassol do Oeste, em Mato Grosso do Sul.
Ainda de acordo com a corporação, as diligências demonstram que o grupo desenvolveu um mecanismo de lavagem de dinheiro para lavar os valores obtidos por meio do tráfico, que contou com o apoio de uma organização criminosa de Minas Gerais. Os suspeitos que atuavam em cidades mineiras foram alvo de uma operação, em março de 2021.
As investigações apontaram que os criminosos usavam empresas fictícias para movimentar dinheiro do crime organizado de todo país. Os valores chegam a R$ 750 milhões.
Cerca de R$ 2 milhões da organização criminosa do DF passaram pelas contas das empresas de fachada dos suspeitos alvos da operação em Minas Gerais. As investigações apontam que o lucro principal ficava com os comandantes do grupo. Eles direcionavam parte dos ganhos com tráfico de drogas à aquisição de imóveis e investimentos em estabelecimentos comerciais. A prática é considerada como lavagem de dinheiro.
A operação ganhou o nome de “Sistema”. Os chefes e demais suspeitos foram indiciados por organização criminosa, tráfico de drogas interestadual e lavagem de dinheiro majorada.