Transmissão ao vivo de morte de paciente por TV choca telespectadores

Paciente supostamente estava contaminado com a covid-19

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Um canal de televisão boliviano transmitiu imagens ao vivo da agonia e morte de um paciente supostamente contaminado com a covid-19, enquanto os médicos tentavam salvá-lo, rendendo críticas da Defensoria Pública nesta quinta-feira (18) por “sensacionalismo”.

O programa “No Mentiras”, transmitido pela rede de televisão PAT, mostrou na última quarta à noite por mais de meia hora a agonia de um homem que faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, quando médicos tentavam reanimá-lo em um hospital de Santa Cruz, no leste do país.

O canal alegou a necessidade de exibição por causa da negligência das autoridades aos profissionais da saúde.

“Condenamos esse tipo de notícia retratada (…) que demonstra sensacionalismo, exibindo repetidas e mórbidas imagens de um tratamento cardiopulmonar realizado em uma pessoa (…) que infelizmente culminou em morte”, afirmou a defensora pública Nadia Cruz.

A Defensoria Pública é uma entidade pública autônoma que garante o respeito aos direitos humanos. Esse tipo de transmissão “evidentemente entra em conflito com a ordem jurídica nacional”, e “pode gerar uma espécie de medo coletivo”, acrescentou Cruz.

O programa é exibido diariamente quase à meia-noite em Santa Cruz, região que concentra 60% dos 20.685 casos do novo coronavírus no país, e quase metade das 679 mortes desde que a doença surgiu na Bolívia, em meados de março.

A transmissão de mais de meia hora do momento de agonia do paciente não identificado foi amplamente criticada nas redes sociais por muitos jornalistas no país, que tem cerca de 11 milhões de habitantes.

“Que falta de respeito pela família, pelos mortos. Perdemos muitas coisas com esse vírus, e também a empatia”, escreveu no Twitter a jornalista María Trigo, do periódico El Debe, de Santa Cruz.

Sua colega Fabiola Chambi, do jornal Los Tiempos de Cochabamba, respondeu que “não é apenas uma falta de respeito e humanidade, é uma baixeza e uma ação que deve ser multada”.

Até o momento nem autoridades do governo ou os sindicatos dos jornalistas comentaram a situação. (Fonte: O Dia)

 

 

 

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