A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva consolida o eixo político de forças progressistas nas seis principais economias da América Latina. Além do Brasil – com a chegada do presidente eleito como o decano da região –, México, Argentina, Brasil, Peru, Colômbia e Chile são liderados por presidentes de esquerda e centro-esquerda.
Há ainda os que se apresentam como esquerdistas, como Cuba, Nicarágua e Venezuela, mas professam o autoritarismo, sem alternância de poder, exercidos por Miguel Díaz Canel, Daniel Ortega e Nicolás Maduro.
E os três do continente sul-americano com governos de centro-direita e direita, representados por Guillermo Lasso, do Equador, Mario Abdo Benitéz, do Paraguai, e Luis Lacalle Pou, do Uruguai, com quem Jair Bolsonaro ensaiou uma aproximação.
Se anteriormente deu apoio aos regimes autoritários da região, Lula terá de repensar como se relacionar com eles. Ortega prendeu opositores para se reeleger, persegue padres e fecha igrejas. Maduro sobrevive graças à aliança com os militares. O regime cubano incrementou no último ano a perseguição às demandas da população, que enfrenta a penúria econômica e frequentes apagões de energia.
Os tempos são outros e as insatisfações mais prementes numa região duramente castigada por pandemia e desaceleração econômica. Assim como Lula, que venceu com 50,8% dos votos válidos, os demais governantes lideram países rachados internamente, sem margem para mudanças bruscas.
Eleito no ano passado pelos chilenos, com 55,8% dos votos, Gabriel Boric derrotou a extrema-direita inspirada no pinochetismo, mas não conseguiu emplacar a proposta da nova Constituição, rejeitada em referendo com 78,2% dos votos.